Relação perigosa: investigação da PF revela ligações do pagodeiro e ex-vereador com agiota ligado à facção criminosa
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Documentos da Polícia Federal revelam relações financeiras entre Netinho de Paula e operador financeiro do PCC, incluindo empréstimos e lavagem de dinheiro. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
Uma investigação da Polícia Federal (PF) lança luz sobre uma conexão explosiva entre o cantor e ex-vereador Netinho de Paula e um dos principais operadores financeiros da maior facção criminosa do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Documentos apontam que Netinho mantinha uma relação próxima com Ademir Pereira de Andrade, conhecido pelo envolvimento direto na lavagem de dinheiro e no financiamento de atividades ilegais da organização criminosa.
A PF obteve acesso a mensagens comprometedoras encontradas na nuvem de um celular apreendido em uma operação que investiga o assassinato de Vinícius Gritzbach, corretor de imóveis e delator do PCC, morto em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo. Nessas conversas, Netinho de Paula se referia a Ademir como "Banco da Gente", devido à frequência com que recorria a ele para realizar empréstimos.
Entre os valores discutidos, está um empréstimo de R$ 500 mil, além de outro que chega a R$ 2 milhões. Em uma das mensagens, datada de 26 de maio de 2023, Netinho tranquiliza Ademir sobre os pagamentos:
"A gente vai se acertando aí e com relação às questões dos juros, eu vou pagando você o que for dando aí, pode ficar tranquilo tá bom?"
A ligação entre o ex-vereador e o agiota não se limitava apenas a transações financeiras. Em abril de 2023, Netinho enviou uma mensagem reforçando a proximidade da relação:
"Salve Banco da Gente, meu mano, tô com saudades, como é que cê tá? Tá tudo bem aí? Como estão as coisas?"
Em outubro, o cantor voltou a demonstrar a intimidade que compartilhava com Ademir, mencionando saudades e recebendo a resposta de que o agiota estaria em seu sítio, no interior paulista, no final de semana. O vínculo, segundo a PF, ia muito além de amizade.
Um dos áudios obtidos pela investigação sugere que Ademir também atuava como doleiro, auxiliando na ocultação de transações financeiras. No material periciado, Netinho menciona uma operação internacional envolvendo US$ 40 mil enviados de Angola e pede a orientação do operador do PCC para conduzir a transação:
"Eu queria tentar uma operação [...]. Você manja dessas coisas, me dá um toque depois."
Os documentos também apontam que Ademir utilizava empresas de fachada para lavar dinheiro da facção criminosa. Um dos episódios analisados pela PF revela uma transação de R$ 150 mil destinada à conta de uma empresa de peças automotivas pertencente à esposa de Netinho de Paula. A movimentação tinha o objetivo de mascarar a verdadeira origem dos recursos.
Ademir Pereira de Andrade está preso desde dezembro do ano passado. Vinícius Gritzbach, que o delatou às autoridades, foi brutalmente executado ao desembarcar de um voo, fato que deu início à operação da PF que revelou os vínculos financeiros entre Netinho e o operador do PCC.
A defesa do cantor ainda não se pronunciou sobre as descobertas. O espaço segue aberto para manifestações.
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