Família denuncia omissão de socorro e coação de testemunhas; investigações estão em andamento
Na esteira de uma tragédia que abalou um bairro inteiro, a Polícia Militar (PM) afastou agentes envolvidos na perseguição que resultou na morte de um rapaz e uma menina de apenas 13 anos. As circunstâncias do acidente têm sido objeto de intensa investigação, enquanto familiares das vítimas clamam por justiça e apontam omissões e coações por parte dos policiais.
Conforme confirmado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), os policiais foram afastados após a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar sua conduta durante a operação que culminou na fatalidade. Imagens de câmeras de segurança revelaram que uma viatura da PM perseguia a moto em que os jovens estavam momentos antes do trágico acidente. O vídeo chocante mostra o veículo policial se afastando do local após a colisão, sem prestar o devido socorro às vítimas.
A indignação da família das vítimas foi amplificada por relatos de Fabiana Farias de Almeida, prima de Manuella Souza Carvalho, uma das vítimas. Segundo Fabiana, o boletim de ocorrência registrado após o incidente não mencionava a perseguição policial nem a omissão de socorro por parte dos agentes. Além disso, ela alega que os policiais, em vez de socorrerem os jovens, pressionaram moradores locais para não entregarem as filmagens do acontecido. Fabiana denunciou: "Eles coagiram as pessoas a não entregar as imagens".
A família das vítimas não se calou diante da aparente falta de transparência. Fabiana relatou ter ido até a delegacia apresentar os vídeos que contradiziam a versão oficial, mas foi informada de que precisaria aguardar explicações adicionais do delegado responsável pelo caso. "Eu levei os vídeos, eu levei o material que eu tinha, porque no boletim de ocorrência diz que foi um acidente. Sim, foi um acidente, mas por perseguição e não houve prestação de socorro da PM. Nossa questão é essa. Não pode passar impune", enfatizou.
Em resposta às denúncias, a SSP reiterou o compromisso da Polícia Militar em apurar todos os detalhes do ocorrido. Em comunicado oficial, a instituição afirmou: "A Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do fato. Os policiais envolvidos no acidente estão afastados até a conclusão das investigações. A instituição não compactua com desvios de conduta, apurando e punindo com rigor todos os casos em que irregularidades são constatadas".
Paralelamente ao IPM, um inquérito civil foi instaurado pelo 49º Distrito Policial (São Mateus) para investigar o incidente. As autoridades estão empenhadas em esclarecer os fatos e garantir que a justiça seja feita.
Além do desenrolar policial, detalhes sobre a trágica noite começam a emergir. Manuella Souza Carvalho, de apenas 13 anos, teria saído de casa escondida na noite do domingo para participar de uma festa no bairro, contrariando a vontade dos pais. Alertado pelo irmão mais novo, que testemunhou a saída furtiva da irmã, a família iniciou uma série de ligações para localizar Manuella. Diante da gravidade da situação, a jovem teria solicitado a Albert Wanderson de Moraes Balmant, de 18 anos, que a levasse de volta para casa em uma moto. Infelizmente, ambos perderam a vida em um trágico acidente durante o percurso, após serem perseguidos pela viatura da PM.
Enquanto a comunidade local lamenta a perda precoce desses jovens, a busca por respostas e justiça continua. O desfecho das investigações lançará luz sobre as circunstâncias que levaram a essa fatalidade e, espera-se, trará algum alívio às famílias enlutadas.
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