Cena de violência doméstica em plena luz do dia revolta transeuntes que acionam a GCM; vítima apresentou lesões e relatou histórico de ameaças
A Avenida Capitão Mor-Aguiar, no coração do Centro de São Vicente, testemunhou na tarde da última quinta-feira (15) uma cena que, se não fosse trágica, poderia beirar o inusitado no repertório das complexas relações humanas. Sob o sol causticante do litoral paulista, o que deveria ser, na versão de um dos envolvidos, uma simples tentativa de reaproximação afetiva, rapidamente degringolou para um episódio de violência que mobilizou a população e as forças de segurança locais. Um homem foi detido em flagrante após, alegadamente, tentar "negociar" a reconciliação com sua ex-companheira utilizando métodos pouco ortodoxos, como empurrões e tentativas de sufocamento.
O palco para este desarranjo interpessoal foi montado nas proximidades do Centro POP da cidade. Conforme o relato inicial que chegou aos ouvidos da Guarda Civil Municipal (GCM), transeuntes atônitos presenciavam a agressão em andamento e, sem hesitar, fizeram o que lhes cabia: acionaram as autoridades. A resposta da GCM foi célere, e as equipes conseguiram intervir no exato momento em que a situação escalava, garantindo a contenção do agressor e o socorro à vítima.
Na abordagem, o roteiro ganhou contornos dignos das mais desconexas justificativas. Questionado sobre seus atos, o homem apresentou uma versão minimalista dos fatos, limitando-se a afirmar que estava apenas tentando conversar com a mulher. Uma "conversa", ao que parece, regada a empurrões e com um final que prometia um desfecho ainda mais sufocante, não fosse a interferência alheia.
A outra protagonista da cena, a ex-companheira, ofereceu um contraponto dramático e detalhado à narrativa simplista do agressor. Ela desmentiu categoricamente a alegação de "mera conversa" e trouxe à tona a motivação por trás da agressão: a recusa em reatar o relacionamento. Segundo seu depoimento aos guardas, as agressões não foram um evento isolado, mas sim parte de um contexto de ameaças contínuas, condicionando sua segurança e bem-estar à aceitação da retomada do vínculo afetivo. Para endossar suas palavras, a vítima exibiu às equipes da GCM diversas lesões pelo corpo, marcas físicas do peculiar método de "reconciliação" empregado pelo ex-companheiro.
Diante do flagrante da agressão em público e do relato corroborado pelas lesões, o homem recebeu voz de prisão. Ele foi conduzido à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Vicente, onde a ocorrência foi formalmente registrada como violência doméstica. Paralelamente aos trâmites legais envolvendo o agressor, a vítima recebeu o acolhimento necessário. Ela foi encaminhada ao Pronto-Socorro (PS) Central da cidade, onde pôde receber atendimento médico e os cuidados requeridos pelas agressões sofridas.
O episódio, que escancara a persistência da violência de gênero e as facetas perversas das relações de poder, segue agora para as devidas apurações. Contudo, um detalhe adiciona uma camada de mistério, ou talvez de burocracia, ao caso: instada a fornecer mais informações sobre a ocorrência, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) informou, até o momento, não ter localizado o registro do caso em seus sistemas. Um lapso que não diminui a gravidade dos fatos presenciados e combatidos pela população e pela GCM no Centro de São Vicente.
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