Últimas Notícias

8/recent/ticker-posts

O inferno tem areia fina: O Guarujá virou campo de caça de criminosos

Turistas são assaltados à luz do dia e recebem tiros de despedida na Praia da Enseada, revelando o colapso da segurança pública na Baixada Santista

Turistas correm após assalto e tiros na Praia da Enseada, em Guarujá — onde até o pôr do sol agora traz sombra de terror. Foto: Reprodução/Câmeras de segurança.

A Baixada Santista está sendo convertida, com catastrófica eficiência, em palco de cenas que mais se assemelham a filmes de guerra urbana. A mais recente amostra desse colapso se deu no Guarujá, mais precisamente na badalada Praia da Enseada, onde dois criminosos assaltaram turistas e, como bônus de terror, ainda dispararam contra a multidão antes de fugir.

O episódio, ocorrido na tarde do último sábado (24), foi registrado por câmeras de segurança da Avenida Miguel Stéfano. Nas imagens, às quais este site teve acesso, a violência é escancarada: dois homens — um de camiseta azul, outro de moletom preto e boné branco — se aproximam casualmente de um grupo de turistas acomodados sob um guarda-sol. Em poucos segundos, a cena idílica se transforma em desespero: os criminosos rendem as vítimas, arrancam bolsas e objetos pessoais, e antes de deixarem a faixa de areia, um deles dispara contra as pessoas.

Sim, você leu corretamente: dispararam. Atiraram contra banhistas indefesos, famílias em momento de lazer, crianças com baldinhos de areia. Uma demonstração de barbárie que, se não fosse real, seria tachada de exagero cinematográfico.

Após o ataque, os dois fugiram em motocicletas, em direção ao túnel da Vila Zilda. Há indícios, ainda não oficialmente confirmados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), de que a mesma dupla tenha cometido outros assaltos na manhã do dia seguinte, domingo (25), antes de, supostamente, serem capturados pela Polícia Militar.

A normalização desse tipo de violência, praticada com brutalidade crescente e sem qualquer resquício de temor pela lei ou pelas forças de segurança, é o retrato escancarado da falência institucional da segurança pública na região. O Guarujá, assim como outras cidades da Baixada Santista, tornou-se um território onde o Estado parece atuar apenas no papel, com eficácia tão frágil quanto uma barraca de praia diante de uma tempestade.

A imagem de um litoral acolhedor, de águas claras e sol abundante, contrasta violentamente com o novo retrato que se forma: o de um litoral sitiado. Famílias que buscavam um final de semana de lazer retornam para casa com traumas, e muitas sequer cogitam repetir a experiência. O impacto sobre o turismo é direto — e devastador. Quem, em sã consciência, optará por passar dias de descanso em uma cidade onde é preciso correr do bandido em vez de correr para o mar?

A prefeitura, por sua vez, emudece. A Secretaria de Turismo nada tem a declarar. A SSP evita confirmação. Enquanto isso, as balas continuam cruzando o céu azul do litoral sul de São Paulo.

O que dizer de um cenário em que criminosos agem com tamanha confiança que, mesmo após roubar sob o sol do meio-dia, ainda acham tempo e "ousadia" para atirar contra civis antes de baterem em retirada? O que esperar de um sistema que permite que esse tipo de ação se repita com frequência grotesca nas praias, nas avenidas e até em zonas centrais das cidades litorâneas?

Não se trata de um caso isolado. Trata-se de um sintoma. Um sintoma grave e negligenciado de uma doença social em estágio avançado: a tolerância silenciosa à violência. O medo virou trilha sonora da Baixada Santista, e as praias, outrora refúgios de paz, viraram zonas de risco.

A população, assustada, já não espera respostas. A mídia tradicional trata casos assim com frieza burocrática, sem aprofundamento. Autoridades emitem notas evasivas. Mas a realidade continua: a areia do Guarujá, que já viu tantos verões de alegria, hoje absorve o sangue do descaso, do abandono, e da impunidade.

Se os responsáveis por garantir a segurança pública não agem, a quem resta o dever de proteger o cidadão? A resposta, cada vez mais sombria, parece ser: a ninguém.

A Baixada Santista está entregue. Não aos seus moradores, nem aos seus visitantes — mas ao medo, à violência, ao crime. E, pelo visto, sem previsão de resgate.



Tags: #Guarujá #PraiaDaEnseada #ViolênciaNaBaixada #Criminalidade #SegurançaPública #TurismoEmRisco #BaixadaSantista #GuarujáInseguro #BrasilReal

Postar um comentário

0 Comentários