Acidente na zona leste de São Paulo choca e levanta questionamentos sobre responsabilidade das autoridades
Na madrugada do dia 31 de março, a Avenida Salim Farah Maluf, no coração do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, transformou-se em palco de uma tragédia anunciada. O ronco furioso de um Porsche cortando o silêncio noturno antecedeu um impacto avassalador, que resultou na morte de Ornaldo da Silva Viana, condutor de um modesto Sandero, e em ferimentos graves para Marcus Vinicius Machado Rocha, estudante de medicina e passageiro do veículo.
As circunstâncias do acidente, longe de serem meramente lamentáveis, revelam uma trama macabra de irresponsabilidade e descaso para com a vida humana. O protagonista dessa narrativa sinistra atende pelo nome de Fernando Sastre de Andrade Filho, um jovem de apenas 24 anos que, ao volante de um Porsche, decidiu brincar com a sorte e acabou ceifando uma vida e deixando outra em frangalhos.
A denúncia da promotora Monique Ratton, divulgada nesta segunda-feira (29), despejou sobre Fernando a sombra do homicídio doloso qualificado, com pena que pode alcançar até 30 anos de reclusão, além da acusação de lesão corporal gravíssima. O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio de sua representante, não hesitou em apontar o dolo eventual como a motivação por trás dos crimes imputados ao motorista irresponsável.
Segundo relatos do MPSP, Fernando não apenas ingeriu bebidas alcoólicas em dois estabelecimentos antes de assumir o volante do poderoso automóvel, mas também ignorou os apelos de sua namorada e amigos, que tentaram, em vão, demovê-lo da ideia insana de conduzir o veículo em um estado de embriaguez evidente. Ao invés de zelar pela própria segurança e pela vida daqueles ao seu redor, optou por desafiar o destino, mostrando uma total ausência de empatia e responsabilidade.
O cenário do crime é ainda mais chocante quando se considera que o acidente ocorreu em uma via com limite de velocidade claramente estabelecido: 50 km/h. Contudo, como se estivesse em um filme de ação, o denunciado desafiou as leis da física e da prudência ao acelerar seu Porsche a espantosos 156 km/h, culminando na colisão fatal que ceifou a vida de Ornaldo da Silva Viana.
A história do acidente, porém, não termina na cena da tragédia. A demora de Fernando em se apresentar às autoridades, somada à omissão dos policiais militares que atenderam a ocorrência, lança uma sombra de desconfiança sobre o processo de investigação. Não bastasse a irresponsabilidade do motorista, agora também pairam dúvidas sobre a conduta dos agentes públicos encarregados de fazer valer a lei.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que as câmeras corporais dos policiais registraram uma falha de procedimento grave, ao não submeterem o condutor do Porsche ao teste de bafômetro. Tal omissão, em um caso tão evidente de embriaguez ao volante, é não apenas inexplicável, mas também intolerável.
Diante desses fatos estarrecedores, a sociedade clama por justiça e responsabilização. O Ministério Público, em sua busca incansável pela verdade e pela aplicação da lei, exigirá que todos os envolvidos neste triste episódio respondam por seus atos perante a justiça. A vida não pode ser tratada com descaso, e aqueles que brincam com ela devem arcar com as consequências de suas ações.
Enquanto o caso segue sob segredo de justiça, aguardamos ansiosamente por um desfecho que traga alguma medida de conforto às famílias das vítimas e que sirva como um lembrete amargo de que a irresponsabilidade no trânsito não apenas mata, mas também destrói vidas e famílias inteiras. Que este episódio trágico não seja esquecido, mas sim transformado em um grito de alerta contra a impunidade e a negligência que ceifam vidas inocentes nas estradas do nosso país.
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