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Onda de frio em São Vicente: Uma vítima fatal e a crônica do descaso

 A negligência social escancarada em meio à tragédia da população em situação de rua na Baixada Santista

Em São Vicente, a dura realidade da população em situação de rua: um homem morto, possivelmente por hipotermia, e outro em estado grave, evidenciam a urgência de políticas públicas efetivas.

A madrugada gelada de terça-feira (27), em São Vicente, trouxe à tona a dura realidade da população em situação de rua. Com temperaturas em torno de 10°C, um homem foi encontrado morto, vítima de uma parada cardiorrespiratória possivelmente relacionada à hipotermia. O triste episódio ocorreu na Rua José Lins do Rego, esquina com a Avenida Antônio Emmerich, no bairro Vila Cascatinha. A GCM (Guarda Civil Municipal) foi acionada para isolar a área e preservar o corpo até a chegada da perícia. A causa da morte será determinada após necropsia no IML (Instituto Médico Legal).

A tragédia expõe a fragilidade daqueles que vivem nas ruas, desprotegidos das intempéries e da indiferença social. A Defesa Civil havia alertado sobre os riscos da onda de frio, especialmente para a população em situação de rua, crianças e idosos. No entanto, o alerta não foi suficiente para evitar a morte do homem em São Vicente.

Na mesma madrugada, outro morador de rua, de 34 anos, foi encontrado em estado grave na Estação do VLT João Ribeiro, com suspeita de tuberculose e HIV. A situação foi registrada em vídeo por um cidadão e compartilhada nas redes sociais, mobilizando a população e autoridades. O homem foi socorrido pelo SAMU e encaminhado ao Pronto Socorro Central da cidade. O caso evidencia a vulnerabilidade dessa população a doenças, agravada pelas condições precárias de vida nas ruas.

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, afirma oferecer serviços de acolhimento para adultos e famílias, como o Reviver e o Albergue Noturno Elizabeth Teles. No entanto, a efetividade dessas ações é questionável diante da morte de um morador de rua e do grave estado de saúde de outro. O Centro POP, responsável pelo atendimento à população em situação de rua, alega encaminhar os indivíduos para serviços de acolhimento caso haja consentimento. Mas, a triste realidade é que muitos preferem as ruas aos abrigos, seja por falta de confiança nas instituições ou por receio de perder sua liberdade.

A prefeitura também promove a Campanha do Agasalho, arrecadando roupas, cobertores e colchões. Contudo, a solidariedade da população não pode ser a única resposta a um problema estrutural tão grave. É preciso ir além das ações emergenciais e investir em políticas públicas efetivas de moradia, saúde e assistência social para a população em situação de rua.

A morte do morador de rua em São Vicente é um retrato cruel da desigualdade social e da negligência do poder público. É preciso que a sociedade e as autoridades se mobilizem para garantir dignidade e direitos básicos a todos os cidadãos, independentemente de sua condição social. A onda de frio está passando, mas a questão da população em situação de rua permanece, exigindo soluções urgentes e eficazes.



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