Suspeito aproveita abordagem policial para "dar um rolezinho" em carro oficial, gerando questionamentos sobre a vigilância que (não) vigia
Na calada da madrugada de sábado (8), Arujá, na região metropolitana de São Paulo, foi palco de um episódio no mínimo inusitado, no máximo vexatório para as forças de segurança. Um indivíduo, até então sob os procedimentos de uma rotineira abordagem da Polícia Militar, protagonizou uma fuga cinematográfica, levando consigo nada menos que a própria viatura policial. O veículo, símbolo da autoridade e da lei, foi momentaneamente transformado em instrumento da audácia, em uma inversão de papéis que beira o anedótico, se não fosse a seriedade dos questionamentos que suscita.
Segundo informações oficiais, o audacioso meliante, cuja identidade permanece um mistério a ser desvendado pelas autoridades competentes, foi interceptado pelos agentes da lei em decorrência de uma ocorrência de roubo nas imediações. Contudo, a situação tomou um rumo inesperado quando, em um lapso de vigilância ou em um golpe de mestre ainda a ser esclarecido, o suspeito não apenas se desvencilhou da abordagem, como também se apropriou da viatura, evadindo-se do local em disparada, deixando para trás uma nuvem de poeira e um rastro de perplexidade.
A viatura “desaparecida” foi, felizmente para os cofres públicos e para o alívio dos contribuintes, localizada posteriormente, sem avarias aparentes, conforme o comunicado da Polícia Militar. Entretanto, o alívio momentâneo cede lugar a uma constatação que beira o escárnio: no interior do veículo recuperado, repousavam inertes os cassetetes e, pasmem, as câmeras corporais designadas para registrar a atuação policial. A ausência do uso dos equipamentos, de uso obrigatório segundo as normas internas da corporação, lança uma sombra de dúvida sobre a diligência dos agentes envolvidos e acende o debate sobre a efetividade da tão propalada vigilância tecnológica no cotidiano das operações policiais.
Diante da insólita ocorrência, a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP) agiu com a presteza que o caso demanda, anunciando a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para “apurar a conduta dos policiais envolvidos”. Paralelamente, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Arujá, deu início a sua própria investigação, em busca de elucidar os contornos nebulosos do furto e, primordialmente, identificar e capturar o protagonista dessa fuga burlesca. Em nota oficial, a SSP confirmou a recuperação da viatura e dos “demais objetos que estavam no veículo”, assegurando que “as diligências estão em curso para localizar o autor”.
Resta agora à sociedade, e aos contribuintes que arcam com os custos da segurança pública, aguardar o desfecho das investigações, esperando que a apuração não se limite a um mero “jogo de empurra” entre as corporações, e que a “fuga motorizada” sirva de catalisador para uma reflexão profunda sobre os protocolos de segurança, a supervisão da atuação policial e, quem sabe, o senso de humor – ainda que ácido – diante de eventos que, se não fossem reais, facilmente figurariam em esquetes de programas humorísticos de duvidosa qualidade. Afinal, em tempos de “polícia 24 horas” e “tolerância zero”, um ladrão de viatura em plena abordagem soa como uma piada de mau gosto, mas que, infelizmente, é a mais pura e crua realidade.
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