Em meio à greve dos professores, vereador relata encontro fora do expediente convocado pelo prefeito com o objetivo de alinhar discurso da Câmara Municipal
![]() |
Vereador Peretto, de São Vicente, figura central na denúncia sobre suposta tentativa de interferência do Poder Executivo municipal junto à Câmara de Vereadores. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
O cenário político de São Vicente foi agitado por uma grave denúncia feita pelo vereador Peretto durante a sessão ordinária da Câmara Municipal na última quinta-feira (10). O parlamentar utilizou a tribuna para expor detalhes de uma reunião ocorrida na noite anterior, quarta-feira (09), convocada pelo prefeito fora do horário de expediente, a qual classificou como "sorrateira" e com intenções de subjugar a independência do Poder Legislativo em meio à delicada negociação salarial com os servidores da educação.
Segundo o relato de Peretto, ele foi chamado para o encontro com o chefe do Executivo municipal mesmo enfrentando uma situação familiar complexa, com um filho hospitalizado e outro sob seus cuidados diretos. "Levei meu filho pra casa de uma parente pra participar de uma reunião chamada pelo senhor prefeito. Uma reunião sorrateira", declarou o vereador em plenário, contextualizando as circunstâncias do chamado.
O conteúdo da reunião, conforme a denúncia, teria sido focado em instruir os vereadores presentes sobre como deveriam se posicionar publicamente em relação a um projeto do Executivo, possivelmente ligado à contraproposta salarial aos professores municipais, que se encontram em greve. Peretto afirmou que o objetivo seria transformar a Câmara em um mero apêndice da prefeitura. "Fui basicamente quase oprimido... se eu fosse um comédia, tinha sido oprimido dentro dessa reunião... tentando induzir a fala que eu tenho que falar aqui dentro", relatou, descrevendo o que considerou uma tentativa de coação e um "gesto autoritário" por parte da administração municipal.
O parlamentar fez questão de frisar sua insatisfação com o momento e a forma da convocação, argumentando que a discussão deveria ter ocorrido de maneira transparente e prévia. "Essa reunião, o prefeito devia ter a vergonha na cara de chamar essa Câmara antes do problema acontecer, e não depois", criticou Peretto, direcionando suas palavras ao chefe do Executivo.
A denúncia ganhou contornos de racha na base aliada quando Peretto revelou que ele e outros três vereadores se recusaram a compactuar com a suposta estratégia e abandonaram a reunião. De acordo com suas palavras, os demais parlamentares presentes teriam permanecido no encontro, indicando uma possível anuência ao plano proposto pelo prefeito.
Este episódio lança suspeitas sobre as estratégias adotadas pelo governo municipal na condução da crise com os servidores da educação. Os professores da rede municipal mantêm a paralisação em busca de um reajuste salarial considerado digno, rejeitando a proposta oficial de 3,5%, classificada por sindicatos e pela categoria como insuficiente. A denúncia de Peretto sugere uma possível tentativa de manipulação do processo legislativo para fortalecer a posição do Executivo nas negociações, minando a representatividade dos servidores e a autonomia da Câmara.
Ao final de sua fala, o vereador Peretto buscou reafirmar a independência do Legislativo vicentino, declarando enfaticamente: "Isso aqui não é um puxadinho da prefeitura! Isso aqui é um poder!". As declarações marcam um ponto de inflexão na relação entre os poderes Executivo e Legislativo no município, com potencial para desdobramentos significativos tanto na esfera política quanto na resolução do impasse com os educadores.
A administração municipal ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações feitas pelo vereador.
0 Comentários