Quando a incompetência se torna reincidente, a multa é o mínimo que se espera
A novela da Sabesp em Guarujá ganha mais um capítulo lamentável, com ares de "déjà vu" e um roteiro previsível: rompimento de tubulação, interdição do Túnel Juscelino Kubitschek, caos no trânsito e uma multa milionária para a empresa. O valor, R$ 1,5 milhão, é o dobro da penalidade anterior, como se a reincidência fosse apenas um detalhe burocrático e não um reflexo da incompetência crônica da companhia.
É de se perguntar se a Sabesp enxerga as multas como um mero custo operacional, um valor a ser pago para continuar operando sem a devida responsabilidade. Afinal, desde 2020, este é o quarto incidente do tipo no mesmo local. A pergunta que ecoa é: até quando a população de Guarujá será refém dessa falta de compromisso com a qualidade do serviço e com o meio ambiente?
A Prefeitura, por sua vez, parece ter encontrado na multa a única ferramenta para lidar com a situação. A cada novo incidente, a penalidade aumenta, como se o dinheiro fosse capaz de resolver o problema. A ironia reside no fato de que, enquanto a Sabesp desembolsa milhões em multas, a população sofre com as consequências do descaso: trânsito caótico, riscos à saúde pública e danos ambientais.
É preciso ir além das multas. É preciso que a Sabesp seja responsabilizada de forma efetiva, com medidas que garantam a qualidade do serviço e a prevenção de novos incidentes. Afinal, não se trata apenas de um problema local, mas de um reflexo da gestão da empresa em todo o estado.
A Sabesp precisa entender que o saneamento básico não é um favor, mas um direito da população. E que a incompetência, quando se torna reincidente, deixa de ser um erro e passa a ser uma escolha. A escolha de priorizar o lucro em detrimento da qualidade de vida da população.
Guarujá não pode continuar sendo palco dessa novela da incompetência. É hora de a Sabesp assumir sua responsabilidade e investir em soluções efetivas, em vez de apenas pagar multas milionárias. Afinal, o dinheiro não resolve tudo, principalmente quando o problema é a falta de compromisso com o bem-estar da população.
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