Investimentos em infraestrutura, mobilidade e tecnologia prometem transformar a cidade, mas levantam questionamentos sobre gestão e viabilidade
Senado Federal aprova empréstimo de US$ 105 milhões para o programa Santos Mais, levantando questionamentos sobre a capacidade de execução e gestão eficiente pela Prefeitura de Santos. |
Em uma decisão de impacto significativo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e o plenário do Senado Federal aprovaram na última terça-feira (18) a autorização para um empréstimo internacional de US$ 105 milhões (aproximadamente R$ 550 milhões) para a Prefeitura de Santos. O montante, fornecido pelo banco CAF (Corporação Andina de Fomento), será destinado ao ambicioso programa Santos Mais, que promete uma série de melhorias urbanas e tecnológicas para a cidade.
O programa Santos Mais é apresentado como uma solução abrangente para diversos desafios urbanos. Com foco em macrodrenagem, acessibilidade, inovação e sustentabilidade, o projeto visa investir em obras de drenagem, soluções habitacionais, mobilidade, inovação e tecnologia. A iniciativa tem a promessa de reduzir desigualdades entre diferentes regiões da cidade, um objetivo nobre que, entretanto, exige uma execução impecável.
Entre as principais intervenções previstas, destaca-se a ampliação do sistema de drenagem da Zona Noroeste. Serão construídas quatro estações elevatórias e realizado o desassoreamento do Rio dos Bugres. Além disso, famílias que atualmente vivem em condições precárias em palafitas serão reassentadas em um novo conjunto habitacional com 864 unidades, marcando a primeira operação de financiamento de moradia no Brasil pelo CAF.
A modernização também inclui a requalificação e revitalização urbana, com pavimentação de 18 km de vias estratégicas, como as avenidas Bernardino de Campos, Ana Costa, Presidente Wilson, Vicente de Carvalho e Bartolomeu de Gusmão, além de melhorias nas vias da Areia Branca. Outro ponto de destaque é a modernização da sinalização viária e a instalação de 1.500 câmeras de monitoramento, cujo início já se deu com recursos próprios da Prefeitura.
Com um custo total estimado em US$ 131,4 milhões (cerca de R$ 690 milhões), o programa Santos Mais conta com uma contrapartida municipal de US$ 26,3 milhões (R$ 138 milhões). A magnitude do investimento e a complexidade das obras levantam inevitáveis questionamentos sobre a capacidade de gestão da Prefeitura e a viabilidade de execução no prazo e orçamento previstos.
O prefeito Rogério Santos celebrou a aprovação do empréstimo, destacando a superação de uma etapa crucial para a implementação das obras que, segundo ele, trarão melhorias significativas na infraestrutura e qualidade de vida dos santistas. O deputado federal Paulo Alexandre Barbosa e o senador Esperidião Amin (SC) também tiveram papéis fundamentais nas tratativas e relatoria do projeto de resolução.
Embora o Santos Mais traga uma perspectiva promissora para o desenvolvimento urbano de Santos, a execução de projetos dessa envergadura exige uma gestão pública extremamente eficiente e transparente. A história recente do Brasil está repleta de exemplos de projetos de infraestrutura que se arrastaram por anos, muitas vezes consumindo recursos muito além do previsto inicialmente.
A expectativa é que o Governo Federal, ao qual o projeto seguirá para aprovação final, avalie criteriosamente os detalhes contratuais e as garantias de cumprimento. A transparência no uso dos recursos e a fiscalização contínua são essenciais para evitar desvios e garantir que os benefícios previstos cheguem, de fato, à população.
Além disso, a população santista deve permanecer vigilante e exigir a prestação de contas de cada etapa do projeto. Investimentos desse porte têm o potencial de transformar positivamente a cidade, mas, sem uma gestão competente e uma fiscalização rigorosa, podem resultar em mais um exemplo de desperdício de dinheiro público e frustração coletiva.
A aprovação do empréstimo internacional para o programa Santos Mais pelo Senado Federal marca um importante passo para o desenvolvimento de Santos. No entanto, a materialização dos benefícios prometidos depende de uma execução eficiente e transparente, sob constante vigilância da sociedade e das autoridades competentes.
O futuro de Santos, com suas promessas de inovação e melhoria urbana, está agora nas mãos de seus gestores e da vigilância cidadã.
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