Estudo alarmante aponta presença de substâncias nocivas no ecossistema marinho da Baixada Santista
Um recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade Santa Cecília (Unisanta) e divulgado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou dados preocupantes acerca da contaminação do mar do litoral de São Paulo. De acordo com a pesquisa, o mar da Baixada Santista encontra-se contaminado por três medicamentos amplamente utilizados, sendo eles o ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco, além da presença de cocaína, o que tem gerado uma crescente preocupação ambiental e de saúde pública.
A presença dessas substâncias nocivas no ambiente marinho foi inicialmente observada em amostras de água coletadas na região já em 2017, porém, as concentrações detectadas nas análises atuais apresentam níveis ainda mais alarmantes. Não apenas os medicamentos, mas também a presença de cafeína, um indicador tradicional de contaminação, foi detectada, sendo esta substância comum em diversos medicamentos e amplamente presente em bebidas do cotidiano, como café, chá e refrigerantes.
Além da contaminação por medicamentos, um dos achados mais impactantes do estudo foi a confirmação de que os peixes da Baía de Santos estão sendo contaminados por cocaína, uma realidade preocupante que afeta não apenas a fauna marinha, mas também todo o ecossistema da região. Os pesquisadores constataram que a cocaína está presente não apenas na água, mas também nos sedimentos e organismos marinhos em diversos pontos da Baixada Santista.
De acordo com a pesquisa, a contaminação por cocaína na região possui raízes históricas, porém, os níveis atuais da droga no ecossistema marinho têm aumentado significativamente nos últimos anos, trazendo consigo impactos ambientais e riscos à saúde da fauna aquática. Uma das possíveis explicações para esse cenário é a localização estratégica da Baixada Santista, que se configura como uma rota de tráfico de drogas da América do Sul para a Europa, fato que tem contribuído para a crescente presença da substância nociva no ambiente marinho.
A análise realizada pelos pesquisadores aponta que a cocaína tem provocado efeitos toxicológicos significativos em animais marinhos, como mexilhões-marrons, ostras de mangue e diversas espécies de peixes que habitam a região da Baía de Santos. Em virtude disso, a droga passou a ser classificada como um contaminante emergente de extrema preocupação, exigindo medidas urgentes por parte das autoridades e órgãos ambientais.
Além das substâncias já mencionadas, outro fator de contaminação emergente destacado no estudo é o material particulado atmosférico, um composto de origem metalúrgica que pode surgir em regiões costeiras e desencadear efeitos tóxicos nos organismos aquáticos, ampliando ainda mais a complexidade dos desafios ambientais enfrentados na Baixada Santista.
Diante dos resultados obtidos, torna-se evidente a necessidade de ações assertivas e políticas de preservação ambiental que visem a mitigar os impactos da contaminação do mar do litoral de São Paulo por substâncias nocivas, protegendo a biodiversidade marinha e garantindo a qualidade de vida das comunidades que dependem diretamente desse ecossistema. A conscientização e o engajamento de toda a sociedade se mostram fundamentais para a promoção de um ambiente marinho saudável e sustentável para as atuais e futuras gerações.
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