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Esquema milionário no INSS: Empresário Maurício Camisotti sob forte suspeita de estelionato contra aposentados

 Investigações apontam que o Grupo Total Health seria o centro de uma rede de associações que desviava milhões de reais por meio de descontos indevidos do INSS

Polícia e Ministério Público avançam nas investigações sobre o empresário Maurício Camisotti, suspeito de liderar um esquema de fraudes milionárias contra aposentados.

Em um dos mais alarmantes esquemas de fraudes já registrados contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o empresário Maurício Camisotti está sob a mira da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP). As autoridades afirmam haver "fortes indícios" de que Camisotti seja o principal beneficiário de uma complexa rede de estelionato contra aposentados, que resultou em desvios milionários por meio de descontos indevidos nas aposentadorias. As investigações indicam que o grupo empresarial de Camisotti, o Total Health Group (THG), está diretamente envolvido na operação dessas entidades.

De acordo com a investigação, três entidades – Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) e União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unabrasil) – são suspeitas de integrar o esquema fraudulento. Essas entidades firmaram acordos com o INSS para realizar descontos mensais nas aposentadorias, supostamente em troca de serviços de seguros e planos de saúde. No entanto, as evidências apontam que essas associações, controladas por pessoas próximas a Camisotti, desviaram milhões de reais sem prestar serviços adequados.

Uma das descobertas mais impactantes da investigação foi a identificação de transferências financeiras milionárias para a corretora de seguros Benfix, de propriedade de Camisotti e sua esposa. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou repasses de R$ 10,8 milhões dessas entidades para a Benfix, com R$ 500 mil diretamente transferidos para a conta pessoal de Camisotti. O Coaf também apontou movimentações financeiras totalizando R$ 150 milhões em um período de quatro anos nas contas do empresário, consideradas "incompatíveis com seu patrimônio, atividade econômica ou ocupação profissional".

Além das transações financeiras, a polícia obteve provas adicionais a partir da apreensão de computadores e celulares de Eubulo Leite Fernandes, gerente administrativo da Ambec. As mensagens revelaram uma clara relação entre as entidades sob investigação e a Benfix, comprovando a gestão conjunta das associações por parte do grupo empresarial de Camisotti. Em uma das trocas de mensagens, Eubulo relata a queixa da presidente da Ambec, Marilisia Moran, sobre atrasos em seu pagamento. A resposta de Ramon Rodrigues Novais, gerente da Benfix, foi reveladora: "Eu só paguei porque ela tá enchendo. Porque ninguém ainda foi pago".

As evidências de que a Benfix e seus funcionários exerciam controle direto sobre as associações levantam sérias suspeitas de que o esquema era sistematicamente planejado e executado pelo grupo de Camisotti. As investigações também indicam que parentes e funcionários do Grupo Total Health estavam registrados como diretores das entidades, em uma tentativa de mascarar a operação fraudulenta. Entre os diretores, aparecem desde familiares de executivos do grupo até uma empregada doméstica e uma auxiliar de dentista de Camisotti.

A gravidade da situação levou a Polícia Civil e o MPSP a realizarem buscas e apreensões na residência de Camisotti em julho deste ano, como parte da investigação em curso. Os promotores destacaram que os indícios de estelionato contra aposentados são consistentes e apontam para a atuação de uma associação criminosa.

O caso evidencia a vulnerabilidade de um dos grupos mais frágeis da sociedade, os aposentados, que foram vítimas de um esquema sofisticado de fraude. Com faturamento de R$ 56 milhões apenas no mês de maio deste ano, as associações ligadas ao Grupo Total Health obtiveram enormes somas de dinheiro às custas de aposentados que confiavam nos serviços supostamente oferecidos.

Enquanto as investigações prosseguem, o futuro de Camisotti e de seu império empresarial permanece incerto. O caso levanta questões urgentes sobre a fiscalização das parcerias entre o INSS e entidades privadas, além de ressaltar a necessidade de maior proteção aos aposentados, frequentemente alvo de fraudes financeiras.



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