Acusação grave recai sobre dupla da corporação após jovem denunciar abuso sexual durante suposta carona em Diadema; caso reacende debate sobre conduta
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Viatura da Polícia Militar em operação noturna. A corporação investiga denúncia de estupro cometido por policiais em serviço. Foto: Arquivo/Reprodução. |
Dois policiais militares foram detidos em flagrante pela Corregedoria da Polícia Militar (PM) nesta segunda-feira (3), sob a grave acusação de estupro. A denúncia partiu de uma jovem que alega ter sido vítima de abuso sexual dentro de uma viatura policial no último domingo (2), em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Segundo o relato da vítima, ela teria solicitado auxílio aos agentes, que se ofereceram para levá-la para casa.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, em comunicado oficial, assegurou que a denúncia está sendo tratada com “rigor” e que “todas as circunstâncias dos fatos serão apuradas, incluindo a análise das câmeras corporais” utilizadas pelos policiais.
De acordo com o registro policial, o padrasto da jovem informou, via 190, que sua enteada estava em um evento de Carnaval em Santo André, no ABC Paulista. Por volta das 22h05, já em Diadema, a foliã teria abordado o soldado Leo Felipe Aquino da Silva e o cabo James Santana Gomes, pertencentes ao 24º Batalhão da PM, solicitando ajuda. Os policiais, então, teriam convidado a jovem a entrar na viatura com a promessa de conduzi-la em segurança para sua residência.
Minutos depois, às 22h27, a vítima enviou mensagens de áudio para familiares, nas quais pedia socorro e relatava o suposto abuso sexual. Consta no registro do Centro de Comunicações da PM que os próprios policiais teriam solicitado que a jovem apagasse as mensagens, que continham a acusação de abuso.
Em seguida, a jovem encaminhou um vídeo gravado no interior da viatura, juntamente com fotografias dos dois policiais. Diante da gravidade da denúncia, o serviço reservado do 24º Batalhão foi acionado para iniciar a apuração do caso.
Um oficial da PM, ao receber os vídeos da jovem, relatou em documentos oficiais que não identificou “ato libidinoso nas imagens”. Contudo, o último contato da vítima com seus familiares havia ocorrido às 22h de domingo, levantando questionamentos sobre o período em que a jovem permaneceu sob custódia dos policiais.
Os dois policiais acusados, ao serem localizados e questionados, admitiram ter “prestado apoio à moça”, alegando que ela teria apresentado um “surto” dentro da viatura. Negaram veementemente as acusações de abuso sexual e afirmaram ter solicitado que ela desembarcasse do veículo nas proximidades da Rodovia Anchieta, devido ao suposto surto. As câmeras corporais que os policiais portavam serão cruciais para a investigação conduzida pela Corregedoria da PM.
A jovem foi encontrada por familiares em estado emocional abalado, sem o aparelho celular, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro da Liberdade, na capital paulista. Anteriormente, ela havia procurado o 26º Distrito Policial (DP) no Sacomã. Devido ao seu estado emocional, policiais civis acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que a encaminhou para a unidade de saúde.
O caso traz à tona a memória de um episódio similar ocorrido em Praia Grande, no litoral paulista. Ex-policiais militares foram condenados pelo estupro de uma cozinheira em 2019, após oferecerem uma carona à vítima, então com 19 anos, enquanto estavam em serviço.
Danilo de Freitas Silva, autor do abuso, foi sentenciado a 16 anos de prisão e exonerou-se da corporação em 2022. Anderson da Silva Conceição, motorista da viatura, foi condenado a sete anos em regime semiaberto e expulso da PM em 2024. Apesar da condenação e das provas robustas, incluindo vídeos e laudos periciais, ambos permaneceram presos por um curto período em 2019.
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