Sumiço de ex-policial militar e incêndio de seu veículo intrincam investigações policiais e levantam suspeitas sobre retaliação criminosa
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Veículo do ex-PM Khelvyn Barbosa foi encontrado parcialmente incendiado na Zona Noroeste de Santos, ampliando os mistérios sobre seu desaparecimento. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
O desaparecimento do ex-soldado da Polícia Militar Khelvyn Barbosa da Silva, de 29 anos, segue sem solução e mobiliza as forças de segurança em Santos. O mistério se aprofundou quando seu veículo, um Fiat Argo branco, foi encontrado parcialmente incendiado na Zona Noroeste da cidade na manhã de domingo (2). O caso, que envolve sequestro e possível execução, é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), com apoio do 5º Distrito Policial.
Barbosa já havia sido preso em flagrante em julho do ano passado, no Morro da Nova Cintra, por transportar ilegalmente um fuzil calibre 5.56 e 61 munições dentro do mesmo Fiat Argo. A hipótese predominante entre os investigadores é que o ex-PM tenha sido sequestrado por criminosos em razão de sua condição de ex-militar.
As últimas informações concretas sobre Barbosa apontam que ele esteve em uma adega no bairro Bom Retiro durante a madrugada, acompanhado de uma mulher e dois homens. Um desses homens é policial militar da ativa, lotado na 4ª Companhia do 6º BPM/I (Zona Noroeste de Santos). Posteriormente, Barbosa e o outro indivíduo, que não é policial, deixaram o local juntos no Fiat Argo.
Segundo a versão desse acompanhante, os dois seguiram até uma praça no bairro Rádio Clube, onde ele desceu para comprar drogas. Quando retornou, o Fiat Argo e Barbosa já não estavam mais lá. Horas depois, o veículo foi encontrado em chamas na Avenida Jornalista Armando Gomes, no Bom Retiro.
O homem que acompanhava o ex-PM foi localizado em sua residência na madrugada de terça-feira (3), ainda sob aparente efeito de entorpecentes. Ele relatou ter sido mantido em cárcere privado por desconhecidos durante a madrugada anterior. Segundo ele, os sequestradores exigiam saber qual era sua relação com Barbosa. Contudo, ao ser questionado sobre o paradeiro do ex-policial, alegou desconhecê-lo.
Uma denúncia anônima à Polícia Militar revelou que dois homens foram sequestrados na madrugada de domingo e levados à favela do Mangue Seco, próxima ao local do incêndio do Fiat Argo. Moradores da região relataram que dois indivíduos tentaram convencê-los a atear fogo no veículo sob a justificativa de que “o carro era de policial”. A testemunha, porém, se recusou e afirmou desconhecer os solicitantes.
No local do incêndio, a perícia encontrou as quatro portas do veículo abertas e um recipiente possivelmente contendo combustível no banco do passageiro dianteiro. Um frasco de álcool 70% também foi recolhido ao lado da roda dianteira esquerda, reforçando a hipótese de que o incêndio tenha sido criminoso.
A Polícia Civil segue apurando se já obteve os depoimentos da mulher e do policial militar da ativa que estiveram com Barbosa na adega antes de seu desaparecimento. Além disso, a falta de informações concretas sobre o paradeiro do ex-PM alimenta especulações e incertezas.
Barbosa serviu na 4ª Companhia do 6º BPM/I até 3 de julho de 2023, quando foi exonerado da corporação a pedido. O fato de ter sido flagrado anteriormente com armamento pesado e seu envolvimento com indivíduos ligados ao tráfico são peças fundamentais no quebra-cabeça que as autoridades tentam montar.
O caso segue sem solução e levanta questionamentos sobre a conexão entre seu desaparecimento, seu passado na corporação e possíveis relações com o crime organizado. Enquanto isso, a busca por respostas continua, deixando a cidade de Santos em suspense.
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