Polícia desarticula esquema do PCC que utilizava motoristas de aplicativo para tráfico na Baixada Santista

Operação em rodovia de Mongaguá resultou na prisão de condutora e apreensão de milhares de porções de drogas; investigação aponta para rota de distribuição

Veículo abordado na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega que transportava milhares de porções de drogas; motorista de app foi presa em flagrante. Foto: Polícia Civil/Divulgação.

Uma complexa operação policial culminou na prisão em flagrante de uma motorista de aplicativo de 28 anos na noite da última segunda-feira, na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, altura de Mongaguá. A ação, conduzida por agentes da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Itanhaém, desvendou um suposto esquema logístico do Primeiro Comando da Capital (PCC) que utilizava veículos de transporte por aplicativo para distribuir entorpecentes na região da Baixada Santista.

O desfecho da operação foi resultado de um meticuloso trabalho de investigação que se estendeu por aproximadamente quatro meses. Durante esse período, os policiais civis da Dise concentraram esforços no monitoramento de uma rota de tráfico que, segundo as apurações, tinha origem em Praia Grande e visava abastecer pontos de venda de drogas nos municípios de Mongaguá e Peruíbe. A inteligência policial conseguiu identificar um veículo específico que estaria sendo empregado recorrentemente na atividade criminosa, levantando suspeitas sobre seu envolvimento no transporte dos ilícitos.

Com base nas informações coletadas, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que foi montada uma operação estratégica na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega. Policiais se posicionaram discretamente em locais chave da via, aguardando a passagem do automóvel suspeito. Ao avistarem o veículo, que era conduzido pela mulher de 28 anos, na altura do bairro Vera Cruz, em Mongaguá, os agentes procederam com a abordagem. A motorista acatou a ordem de parada imediatamente, sem oferecer resistência.

Durante a revista veicular, os oficiais localizaram no interior do carro uma caixa que acondicionava uma quantidade expressiva de entorpecentes, cuidadosamente embalados para venda. Foram apreendidas 2.832 porções de cocaína, 484 porções de crack e 3.787 porções de maconha. Além das substâncias ilícitas, foram encontrados alguns comprovantes de depósito bancário, que podem fornecer pistas adicionais sobre a movimentação financeira do esquema.

Ao ser questionada pelas autoridades no local, a condutora afirmou exercer a profissão de motorista de aplicativo. Declarou ainda que desconhecia o conteúdo da caixa que transportava, alegando ter sido contratada para realizar a entrega mediante o pagamento de R$ 300.

Diante da materialidade do crime e das circunstâncias, a mulher recebeu voz de prisão em flagrante por tráfico de drogas. Ela foi encaminhada primeiramente a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para exame de corpo de delito e, posteriormente, conduzida à Cadeia Pública, onde permanece detida à disposição da Justiça. O veículo utilizado na ação criminosa foi apreendido, assim como todo o material entorpecente e os comprovantes bancários.

O caso foi formalmente registrado na Dise da Delegacia Seccional de Itanhaém como tráfico de drogas e localização/apreensão de veículo. As investigações prosseguem com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre a estrutura logística do grupo criminoso e identificar outros envolvidos.

Informações preliminares recebidas pela polícia indicam que a carga de drogas apreendida pertenceria a membros da facção PCC, identificados apenas pelos vulgos “Tom” e “Braço”. Ambos seriam moradores do bairro Vila Sônia, em Praia Grande, de onde o carregamento teria partido. A Polícia Civil informou que realizará diligências para a completa identificação e localização desses indivíduos, visando suas futuras prisões e a completa desarticulação dessa célula criminosa. A operação representa um golpe significativo no fluxo de distribuição de drogas na Baixada Santista, revelando a adaptação das organizações criminosas ao utilizar serviços de transporte por aplicativo em suas atividades ilícitas.