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Amor à primeira facada: Ciúmes, jogo no celular e uma tentativa de homicídio em Guarujá

Enquanto ele caçava pontos no joguinho, ela mirava no coração – com uma faca. A banalidade do mal servida à moda da Vila Edna, com direito a agressora foragida

Registrado na Delegacia de Guarujá, o crime na Vila Edna, virou palco de mais uma história onde o ciúme dita as regras e a violência vira desfecho. Foto: SSP-SP/Arquivo.

Nem todo jogo de celular é inofensivo. No bairro Vila Edna, em Guarujá, um simples deslizar de dedos na tela foi o estopim de uma tragédia doméstica com contornos de tragicomédia macabra. Na manhã da última terça-feira (20), um homem de 29 anos foi esfaqueado duas vezes pela própria companheira, de 38, após uma noite inteira de maratona gamer e zero doses de atenção conjugal.

A história, que beira o surreal, teve como palco um cômodo pequeno na Rua Dezoito, no núcleo Canta Galo, onde o casal – junto há menos de um ano – dividia espaço e tensões. A cena do crime foi compartilhada com uma terceira personagem: a irmã da agressora, que, adoentada e cansada, decidiu passar a noite no local. Ela dormia num colchão no chão, tentando ignorar a mistura explosiva de álcool, ciúmes e tédio conjugal.

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual nossa reportagem teve acesso, tudo começou por volta das 22h da segunda-feira (19), quando o casal já havia consumido bebida alcoólica. O homem, aparentemente hipnotizado pelo celular, jogava incessantemente, enquanto a mulher, sentindo-se invisível, acumulava indignação em silêncio. Silêncio, aliás, que logo seria substituído por gritos, provocações e, por fim, golpes de faca.

A testemunha relata que, ainda que provocada, a vítima manteve-se apática. Tentou sair, foi impedida. Tentou ignorar, foi alvejada. No clímax da discussão, a agressora foi até a cozinha, pegou uma faca, voltou para a cama como quem retorna de um intervalo comercial, e o atacou com dois golpes no tórax. O amor pode até não matar, mas naquele quarto apertado, ele claramente tentava.

Desesperado, o homem segurou a mulher, enquanto implorava à cunhada que tirasse a arma branca de cena. Sem sucesso na operação resgate, a testemunha fugiu em busca da mãe, que ao chegar, encontrou o genro ensanguentado e sentado diante da porta, como um personagem descartado de um drama de quinta categoria. A agressora, segundo ele, havia limpado a casa (um capricho quase cômico), recolhido a faca e sumido – destino incerto, motivos banais.

O hospital Santo Amaro confirmou que o homem deu entrada com ferimentos de arma branca no tórax e foi submetido a cirurgia. O quadro de saúde é estável, mas a confiança no amor, provavelmente, em coma profundo.

A mãe da agressora reforçou à polícia que a filha tem histórico de comportamento violento, enquanto a vítima, segundo ela, é do tipo calado, “não revida”. No boletim de ocorrência, o caso foi registrado como tentativa de homicídio e até o momento, a mulher continuava foragida. Nenhum pixel do joguinho foi responsabilizado.

Se antes bastava um buquê de flores para selar uma reconciliação, hoje, pelo visto, o mínimo necessário é um colete à prova de faca e o celular no modo avião.



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