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O doutor "mãos leves" da Baixada: Advogado santista envergonha a região ao virar réu por furto em aeroporto de São Paulo

Flagrado pelas câmeras, causídico virou réu por furto de celular e protagonizou um espetáculo surreal: negou o crime e desafiou a lógica com retórica digna de ficção

 Vídeo de monitoramento em Congonhas captou o advogado colocando o iPhone no bolso antes de sair da sala VIP — e da legalidade. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Enquanto a Baixada Santista luta diariamente para não ser reduzida aos tristes índices de violência que a mancham nos noticiários, um advogado criminalista de Santos, com 44 anos e uma suposta carreira sólida, resolveu transformar um aeroporto em palco de uma tragicomédia jurídica — com direito a furto, câmeras, réus e até acusações de feitiçaria. Não, não é um roteiro da Netflix. É o Brasil real.

O caso, digno de um romance policial com tintas de humor ácido, ocorreu na noite de 31 de agosto de 2024, por volta das 20h, na sala VIP do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O protagonista? Um defensor que, ironicamente, atua na esfera criminal e que agora ocupa o outro lado da mesa do tribunal: o de réu.

Segundo os autos do processo, o servidor público que teve o iPhone 13 subtraído havia deixado o aparelho carregando ao lado de seu assento enquanto se ausentava para buscar um suco. Quando retornou, encontrou o espaço vazio — e nenhum sinal do celular. Desesperado, procurou ajuda e foi informado por outro passageiro que um homem havia saído apressadamente do local. A vítima, então, acionou a recepção e a polícia foi chamada.

As câmeras de segurança revelaram o que já era suspeito: o advogado entra calmamente na sala, senta-se ao lado do aparelho, o desconecta, guarda o telefone no bolso e o cabo na mochila. Em seguida, sai como se nada tivesse acontecido. Tudo com a naturalidade de quem comete um furto como quem troca de gravata.

O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur), sob a responsabilidade do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope). O inquérito resultou em denúncia formal do Ministério Público de São Paulo, e em 28 de abril de 2025, o advogado foi oficialmente transformado em réu. A Justiça, por sua vez, não só encontrou indícios suficientes de autoria, como também indeferiu o pedido de sigilo no processo, destacando que não havia “justificativa legal para medida excepcional”.

Mas a narrativa ganha contornos surreais quando o próprio advogado entra em cena com uma defesa que mais parece saída de um romance de Kafka: nega qualquer envolvimento, alega que o delegado responsável pela investigação está em uma cruzada pessoal contra ele e pede segredo de Justiça alegando que sua imagem “profissional e pessoal” está em risco.

Não satisfeito, o defensor parte para o ataque e transforma o delegado em personagem de um thriller sobrenatural. Acusa a autoridade policial de ter “habilidades psíquicas”, buscar fama com “casos midiáticos” e até fazer “gestos associados a facções criminosas”. Como se não bastasse, alega que o delegado “se embriaga com frequência”, se envolve em “brigas e disparos com armas de fogo” e usa seu cargo para intimidar “pessoas de bem”.

A reação da autoridade policial foi imediata: abriu queixa-crime por calúnia, difamação e injúria, com o agravante de se tratar de ofensas contra servidor público em exercício da função. A defesa do delegado rebateu com firmeza, destacando que as acusações extrapolam os limites da imunidade profissional do advogado, prevista no artigo 142 do Código Penal, já que os ataques atingem diretamente a honra pessoal do policial.

Nas alegações finais, o advogado tenta ainda salvar-se com argumentos quase cômicos: afirma possuir três celulares — um iPhone 13 (supostamente dele), um Samsung Note 20 e um Xiaomi M6 — e que apenas os manuseou enquanto estavam carregando. Jurou que o aparelho da vítima era velho, com a tela quebrada, e que jamais se prestaria a furtar um “modelo obsoleto”. Em resumo, diz: “Sou bom demais para isso”.

O juiz, por outro lado, parece não ter comprado o enredo cinematográfico. Para ele, há “justa causa” e provas contundentes. E ainda deu um puxão de orelha jurídico ao negar qualquer possibilidade de transformar o processo em sigiloso: “transparência é a regra”.

Enquanto o processo segue seu curso, o advogado agora precisa lidar com o peso da denúncia e a vergonha pública. Afinal, ser flagrado furtando um iPhone em plena sala VIP de um aeroporto, e ainda tentar cobrir o deslize com teorias conspiratórias e ataques pessoais, não é exatamente o que se espera de um profissional do Direito.

Na Baixada Santista, onde o crime já virou vizinho conhecido de muita gente, resta agora engolir mais esse escândalo — desta vez, protagonizado por alguém que deveria defender a Justiça, e não tentar dobrá-la com argumentos rocambolescos e insultos dignos de uma taverna do Velho Oeste.

No final das contas, o caso nos oferece uma lição simples, porém esquecida por muitos: o título de “doutor” não é salvo-conduto para impunidade. E, como mostra esse triste episódio, nem sempre quem usa terno e pasta de couro carrega a lei — às vezes, carrega o celular dos outros.


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