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Morte com 30 tiros: Chefe do crime organizado é preso no alto de morro em Santos

Foragido há quase dois anos por envolvimento na execução brutal de um policial civil, Carlos Antonio de Abreu Barrios, foi capturado no Morro do Pacheco

Carlos Antonio de Abreu Barrios, capturado no Morro do Pacheco, é suspeito de ordenar a execução brutal do policial Marcelo Cassola, assassinado com 30 tiros em 2022. Foto: Reprodução/Arquivo policial.

Carlos Antonio de Abreu Barrios, 41 anos, um nome temido nas fileiras do crime organizado na Baixada Santista, foi capturado pelas forças policiais na noite da última terça-feira (27), após meses de reclusão e vigilância nas sombras do Morro do Pacheco, em Santos. Contra ele pesava uma acusação aterradora: ter sido uma das lideranças que autorizaram a execução de um policial civil com brutalidade que rivaliza com rituais de guerra.

O crime em questão ainda assombra os bastidores da segurança pública paulista. Marcelo Gonçalves Cassola, também de 41 anos, chefe do setor de identificação do Palácio da Polícia, foi encontrado morto no dia 22 de agosto de 2022, no bairro da Caneleira. Amarrado com cordas, mãos e pernas contidas, o corpo apresentava impressionantes 30 perfurações de balas. Um verdadeiro pelotão de fuzilamento urbano, executado com armamento pesado: pistola 9mm e fuzil — instrumentos bélicos típicos dos arsenais do narcotráfico e milícias.

A execução do agente, em meio a um cenário de completa selvageria, gerou comoção, temor e indignação nas corporações policiais e, sobretudo, escancarou a audácia das organizações criminosas que operam em plena zona urbana, impondo seu próprio código de justiça — sem julgamentos, sem direitos, apenas balas.

Carlos Barrios foi preso às 23h, durante uma incursão a pé das forças policiais no Morro do Pacheco. O local é conhecido como um reduto estratégico do tráfico, com suas vielas labirínticas e becos que desafiam qualquer operação convencional. A presença policial visava sufocar o comércio ilícito de drogas, mas o destino parecia ter outros planos para aquela noite.

Segundo o boletim de ocorrência, os agentes avistaram um homem com um volume suspeito na cintura. A abordagem foi imediata. Durante a revista, nenhum objeto ilícito foi encontrado, apenas um celular. A verdadeira descoberta veio da checagem no sistema: tratava-se do procurado Carlos Antonio, o mesmo que havia desaparecido no turbilhão de silêncio após a execução do policial.

Sem reação, Carlos foi algemado e conduzido à Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos. O aparelho celular foi apreendido e poderá agora revelar conexões e informações que ajudem a decifrar a teia de articulações que sustenta o poder do crime organizado na região. A prisão foi registrada como "captura de procurado", mas o simbolismo é muito mais denso.

A morte de Marcelo Cassola não foi apenas mais um número nas estatísticas da violência. Tratou-se de um recado direto ao Estado: "nós mandamos aqui". Executar um policial de forma tão brutal, com armas de guerra, é uma afronta não só às forças de segurança, mas à própria sociedade, que se vê cada vez mais refém de territórios dominados por facções que transformam bairros inteiros em zonas autônomas do crime.

A captura de Carlos Antonio representa uma vitória, mas também um lembrete cruel: ele é apenas uma peça no tabuleiro de um jogo muito maior. A prisão dele pode ser o início de novas investigações ou, como tantas outras vezes, apenas mais um capítulo em uma crônica de sangue onde os autores do terror seguem, em parte, à solta.

Enquanto isso, famílias de policiais e cidadãos comuns vivem o cotidiano de uma cidade partida — entre a beleza da orla e o terror das encostas, entre o discurso institucional e a realidade das armas que impõem silêncio e medo.


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