Paciente enfrenta calvário burocrático e desassistência médica em Itanhaém
Na sombra da burocracia: Suelene Andrade dos Santos aguarda ansiosamente por uma consulta médica, enquanto seu drama expõe as falhas do sistema de saúde em Itanhaém. |
No intricado emaranhado da burocracia hospitalar e na penumbra da falta de assistência médica, Suelene Andrade dos Santos, 57 anos, tece seu próprio drama de sobrevivência em meio ao labirinto da saúde pública em Itanhaém. O relato vívido de Suelene ecoa como um grito desesperado por justiça e dignidade, enquanto denuncia um sistema que, longe de curar, agrava as dores físicas e emocionais daqueles que mais necessitam de cuidados.
O calvário de Suelene começou após uma endoscopia em 2022, quando, após ser encaminhada para o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) em Praia Grande para investigar suas dores estomacais persistentes, viu-se submersa em um oceano de descaso e desamparo. O que deveria ser o primeiro passo em direção ao alívio de seu sofrimento transformou-se em um pesadelo de adiamentos, cancelamentos e desencontros.
A saga de Suelene ilustra de maneira contundente as falhas estruturais e humanas que minam o sistema de saúde municipal. Após aguardar meses por um retorno ao médico, viu-se desamparada quando as consultas foram adiadas repetidamente devido à licença médica do especialista e à sua posterior renúncia ao cargo. Empurrada de um lado para o outro, foi compelida a buscar alternativas em unidades de saúde distantes de sua residência, prolongando sua angústia e expondo-a a riscos desnecessários.
A situação de Suelene não é um caso isolado, mas um reflexo de um sistema que prioriza a burocracia em detrimento do bem-estar dos cidadãos. Enquanto ela aguardava indefinidamente por uma nova consulta, sua condição de saúde deteriorava-se, tornando-a refém de uma espera que poderia custar-lhe a vida. Seu testemunho, carregado de indignação e desalento, ressoa como um alerta para as autoridades responsáveis pela gestão da saúde pública em Itanhaém.
Diante das acusações de negligência e abandono, a Prefeitura de Itanhaém respondeu com promessas de uma nova consulta marcada em uma unidade de saúde em Santos, para onde Suelene foi direcionada após as reviravoltas em seu caso. No entanto, as explicações oficiais não dissipam as sombras que pairam sobre a conduta das autoridades de saúde, nem oferecem consolo àqueles que, como Suelene, padecem sob o peso de um sistema falido.
É inaceitável que em pleno século XXI, em um país que almeja o desenvolvimento e a justiça social, cidadãos como Suelene sejam abandonados à própria sorte quando mais precisam de assistência médica. Seu caso clama por uma revisão urgente dos procedimentos administrativos e uma reavaliação profunda dos valores que norteiam a saúde pública em Itanhaém. Enquanto isso, Suelene e tantos outros continuam à espera, num limbo de incertezas e sofrimento, vítimas de um sistema que deveria protegê-los, mas que, lamentavelmente, os condena ao esquecimento e à desesperança.
0 Comentários