Investigação aponta para envolvimento de Juscelino Filho em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva no desvio de verbas públicas
A Polícia Federal (PF) anunciou nesta quarta-feira o indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), sob a suspeita de envolvimento em crimes que incluem organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. As acusações giram em torno do desvio de recursos públicos destinados à pavimentação de ruas na cidade de Vitorino Freire, no Maranhão.
Segundo informações obtidas pela PF, pelo menos R$ 835,8 mil foram desviados de obras de pavimentação, as quais eram custeadas com verbas públicas provenientes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A investigação indica que tais desvios teriam sido realizados por meio de emendas parlamentares direcionadas à referida obra.
A cidade de Vitorino Freire, onde ocorreram os desvios, é governada pela irmã do ministro, Luanna Rezende. Embora tenha sido afastada do cargo no ano passado, Rezende posteriormente reassumiu o mandato. A PF alega ter encontrado indícios substanciais que conectam o ministro Juscelino Filho aos desvios, incluindo um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que aponta benefícios diretos para propriedades da família do ministro.
O desenrolar das investigações revelou que o inquérito inicialmente visava apurar possíveis irregularidades em obras da Codevasf, especialmente aquelas conduzidas pela empresa Construservice. De acordo com a PF, o sócio oculto da Construservice é o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP. Mensagens trocadas entre Juscelino Filho e Eduardo DP, encontradas no celular do empresário durante a primeira fase da Operação Odoacro, foram cruciais para o alargamento das investigações e o consequente envolvimento do ministro.
Para a PF, as mensagens analisadas durante o inquérito reforçam a participação criminosa de Juscelino Filho, indicando que sua posição na organização criminosa era de conhecimento de todos os membros do grupo, supostamente liderado por Eduardo DP. Um trecho de um relatório da PF enfatiza que "a relação criminosa pactuada entre Juscelino Filho e Eduardo DP é clara e inequívoca".
O desdobramento do caso agora cabe ao ministro Flávio Dino, designado relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com informações disponibilizadas pelo site oficial da Corte. A repercussão deste indiciamento levanta questões sobre a integridade e a transparência no uso de recursos públicos, enquanto a investigação prossegue em busca de esclarecimentos e desdobramentos adicionais.
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