Uma jornada de espera, cancelamentos e um tratamento sem anestesia que deixou a paciente com mais dor do que alívio
Gilvanira Maria da Costa, 56 anos, enfrenta dores intensas após atendimento odontológico sem anestesia no Pronto-Socorro de Praia Grande. |
Em Praia Grande, a saga de Gilvanira Maria da Costa, 56 anos, em busca de tratamento dentário, expõe as fragilidades do sistema de saúde pública municipal. A paciente, que aguardava ansiosamente por uma consulta agendada para 16 de maio na Unidade de Saúde da Família (Usafa) Caiçara, viu suas esperanças frustradas por um cancelamento repentino, comunicado por mensagem, dias antes da data marcada.
A mensagem orientava a paciente a aguardar um novo agendamento, mas o tempo passava e o contato da unidade de saúde não vinha. Diante da dor crescente, a família buscou informações na Usafa, mas a resposta foi a falta de previsão para um novo agendamento. A alternativa apresentada foi a busca por atendimento no Pronto-Socorro Central de Praia Grande.
No dia 26 de junho, Gilvanira procurou atendimento no Pronto-Socorro Central. O que deveria ter sido uma solução para seu problema tornou-se um novo pesadelo. Segundo relato do esposo, Mauro, a dentista responsável pelo atendimento realizou o procedimento sem utilizar anestesia, tornando o processo extremamente doloroso. “Ela (a dentista) acabou fazendo o procedimento a olho (sic) e não quis nem saber, a minha esposa veio embora. A boca dela agora inchou, e não está conseguindo nem mastigar”, declarou Mauro, visivelmente indignado.
A Prefeitura de Praia Grande justifica a situação pela falta temporária de um cirurgião-dentista na Usafa Caiçara e informa que a paciente foi reagendada para atendimento em outra unidade de saúde. A Secretaria de Saúde, por sua vez, alega que o PS Central e a UPA Samambaia são as unidades indicadas para atendimentos de urgência e emergência odontológica.
A SPDM, responsável pelo gerenciamento do PS Central, afirma que a paciente foi submetida a um procedimento de pulpectomia, aplicação de analgésicos intracanal e curativo, visando a estabilização do quadro. No entanto, a dor persistente e o relato do tratamento sem anestesia levantam questionamentos sobre a qualidade do atendimento prestado.
O caso de Gilvanira Maria da Costa evidencia não apenas a fragilidade do sistema de saúde pública, mas também a falta de sensibilidade no atendimento emergencial odontológico. A espera prolongada, o cancelamento sem alternativa imediata e a realização de procedimentos dolorosos sem anestesia são fatores que demandam uma reflexão profunda sobre a qualidade dos serviços prestados e a dignidade do paciente. Enquanto aguardamos por soluções mais estruturais, a esperança é que Gilvanira e outras pessoas na mesma situação possam finalmente encontrar o alívio necessário.
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