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Azedou a ficha limpa: Prefeito de Itanhaém à beira da inelegibilidade

 Tribunal de Contas de São Paulo reprovou as contas de Tiago Cervantes, que enfrenta um rombo de R$ 6 milhões em verbas de iluminação pública

Tiago Cervantes, prefeito de Itanhaém, enfrenta reprovação de contas e possível inelegibilidade. O destino político da cidade pode estar em jogo.

Itanhaém parece estar navegando em mares cada vez mais turvos quando o assunto é a gestão pública. Desta vez, o protagonista do enredo nada glamouroso é o prefeito Tiago Cervantes (Republicanos), que teve as contas de 2021 reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). Motivo? Uma "pequena" falha de R$ 6,6 milhões no uso da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (CIP), valor esse que não foi adequadamente justificado pelo chefe do Executivo municipal.

O TCE não poupou palavras ao descrever o escândalo. Segundo o conselheiro Renato Martins Costa, relator do caso, houve "falta de comprovação da aplicação do montante de R$ 6.673.953,04 referente às receitas advindas da CIP, violando o art. 8º, parágrafo único, da Lei de Responsabilidade Fiscal". Para além dos milhões da iluminação pública, ainda pairam no ar outras irregularidades, como déficit financeiro e a omissão em pagamentos judiciais, todos fatores que contribuíram para o parecer negativo.

A Contribuição para Custeio da Iluminação Pública, mais conhecida pelos cidadãos como "aquele item misterioso que aparece todo mês na conta de luz", é um tributo que, teoricamente, deveria garantir ruas mais claras e seguras. No entanto, parece que a única luz que se apagou por aqui foi a da transparência. Sem explicações convincentes sobre o paradeiro dos R$ 6 milhões, a gestão Cervantes mergulha em um escuro desconfortável, onde as justificativas ficam tão nebulosas quanto uma noite de tempestade no litoral.

O não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal é mais do que uma infração técnica; trata-se de um alerta vermelho sobre o controle e a eficiência da administração pública. O que parece uma "simples falha" na justificativa de gastos, na verdade, põe em xeque a capacidade de gestão de recursos essenciais para a cidade. Em termos mais diretos: para onde foi o dinheiro que deveria garantir luz nas ruas de Itanhaém?

Se as contas rejeitadas pelo TCE não bastassem, Tiago Cervantes pode estar diante de um problema ainda maior: sua inelegibilidade por até oito anos. A reprovação das contas de um prefeito em exercício, conforme previsto na legislação, pode levar ao bloqueio de suas futuras candidaturas, impedindo-o de concorrer em eleições por quase uma década. Para um político em ascensão, essa é uma sentença que ameaça não só sua carreira, mas também a continuidade de seu trajeto político.

Contudo, o desfecho ainda depende de um capítulo crucial: a aprovação ou não da Câmara Municipal de Itanhaém. Embora o TCE tenha emitido seu parecer desfavorável, os vereadores têm a palavra final sobre o futuro de Cervantes. Em um cenário onde a política local muitas vezes se mistura com lealdades pessoais e partidárias, é difícil prever se a Câmara aprovará o veredito ou se tentará salvar o mandato do prefeito, transformando o julgamento em um jogo de xadrez com implicações eleitorais.

É irônico, para não dizer trágico, que justamente um problema relacionado à iluminação pública possa ser a sombra que ofusca a trajetória política de Cervantes. O que deveria ser uma administração técnica e eficiente se converte em um palco de incertezas e suspeitas. E no meio disso tudo, quem mais sofre é a população, que continua a pagar sua conta de luz mensalmente, com a CIP embutida, sem saber se de fato as ruas de sua cidade estão mais iluminadas ou se estão apenas financiando uma escuridão administrativa.

Fica a pergunta que todos se fazem em Itanhaém: a quem interessa manter as luzes apagadas? A resposta talvez ainda esteja nos bastidores da política municipal, onde os jogos de poder muitas vezes são mais obscuros do que qualquer rua sem iluminação.

O que está em jogo aqui vai além de uma simples reprovação de contas. Trata-se da confiança na gestão pública, da responsabilidade com o dinheiro dos contribuintes e da eficiência dos mecanismos de controle. A decisão da Câmara Municipal será um marco decisivo não só para o futuro de Tiago Cervantes, mas para o próprio destino de Itanhaém. Enquanto isso, os moradores seguem esperando por mais luz — nas ruas e na política local.



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