Policial acusado de executar homem na Zona Sul de São Paulo já está sob investigação por casos fatais no litoral paulista
Local onde dois homens morreram após tentativa de assalto a policiais militares em São Vicente; caso segue sob investigação da DIG de Praia Grande. |
Um policial militar (PM), acusado de matar com 11 disparos nas costas um homem na última terça-feira (3) na Zona Sul de São Paulo, está no centro de uma tempestade de acusações. O caso, que chamou a atenção pela brutalidade, não é um incidente isolado no histórico do agente. Ele também é investigado por envolvimento em dois homicídios registrados em São Vicente, na Baixada Santista, em dezembro de 2023.
O crime em São Paulo ocorreu em frente a um mercado. O homem alvejado havia furtado produtos de limpeza do estabelecimento e tentou fugir correndo. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que ele escorrega em um papelão próximo à entrada. O policial, que estava de costas, se virou e disparou diversas vezes. A vítima morreu no local.
As imagens gravadas no mercado mostram outros clientes, alguns vestindo capas de chuva, além de um motociclista parado ao lado de sua moto na área externa. A cena, marcada pela surpresa e pelo pânico, agora compõe as provas que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) analisa para elucidar os fatos. Caso se confirme abuso de força, o PM poderá enfrentar não apenas processo criminal, mas também medidas disciplinares que podem culminar em sua expulsão da corporação.
A história deste PM, no entanto, é ainda mais sombria. No dia 18 de dezembro de 2023, ele esteve envolvido em um caso que resultou na morte de dois homens em São Vicente. Na ocasião, os indivíduos teriam tentado assaltar dois policiais militares durante a madrugada. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que as vítimas teriam sido surpreendidas pelos criminosos enquanto estavam paradas em um cruzamento.
De acordo com o relato oficial, os PMs reagiram e os suspeitos foram baleados. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas constatou os óbitos no local. A ocorrência foi registrada como morte decorrente de intervenção policial, legítima defesa e tentativa de roubo na Delegacia de Polícia de São Vicente.
Apesar do relato de legítima defesa, o caso segue sob investigação pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, em regime de sigilo. A atuação do policial naquela madrugada agora ganha novos contornos, diante do ocorrido na capital.
O histórico de violência envolvendo o mesmo agente levanta questões sobre os critérios de supervisão e controle dentro da Polícia Militar. A SSP afirmou que medidas administrativas, incluindo abertura de processo disciplinar, serão adotadas caso haja comprovação de conduta incompatível com os protocolos institucionais.
O episódio reacende o debate sobre o uso excessivo da força por agentes de segurança e a confiança na versão oficial de legítima defesa em casos de mortes. A pressão para uma investigação imparcial é crescente, sobretudo em São Vicente, onde os fatos permanecem envoltos em sigilo judicial.
A resposta das autoridades pode determinar não apenas o futuro do PM envolvido, mas também a percepção pública sobre a capacidade da corporação de lidar com seus próprios membros quando cruzam limites éticos e legais.
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