Após anos de sucateamento, estatal busca 3.511 novos funcionários para conter o caos e a sobrecarga de trabalho
Interior de uma agência dos Correios: a falta de funcionários e a precariedade das condições de trabalho são alguns dos desafios enfrentados pela estatal. |
Os Correios anunciaram a abertura de um concurso público para a contratação de 3.511 novos funcionários em todo o país. A medida, que visa a combater a grave crise enfrentada pela estatal após décadas de descaso e sucateamento, foi recebida com ceticismo por especialistas e servidores.
As inscrições para o concurso, que oferece vagas em diversos cargos de níveis médio e superior, tiveram início nesta quinta-feira (10) e se estendem até o dia 28 de outubro. O Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC) é o responsável pela organização do certame.
A iniciativa, embora aparentemente positiva, levanta questionamentos sobre a real capacidade da empresa de lidar com os problemas estruturais que a assolam. A falta de investimentos, a precarização das condições de trabalho e a redução drástica do quadro de funcionários nos últimos anos levaram os Correios a uma situação de colapso, com atrasos constantes na entrega de correspondências e encomendas, filas intermináveis nas agências e queda vertiginosa na qualidade dos serviços.
"É como tentar apagar um incêndio com um copo d'água", afirma um especialista em logística que preferiu não se identificar. "O concurso até pode amenizar a situação, mas não vai resolver o problema de fundo. Os Correios precisam de uma reestruturação completa, com investimentos maciços em tecnologia, infraestrutura e, principalmente, em seus funcionários".
A realização do concurso, após mais de uma década sem contratações em nível nacional, é vista por muitos como uma tentativa desesperada da empresa de se manter à tona em meio à crise. A sobrecarga de trabalho, a falta de motivação e a crescente insatisfação dos servidores são fatores que contribuem para o agravamento da situação.
"Trabalhamos no limite da exaustão, sem recursos e sem reconhecimento", desabafa um carteiro com mais de 20 anos de serviço. "A empresa está sucateada, os salários são defasados e as condições de trabalho são precárias. Não temos nem material básico para trabalhar, como uniformes e equipamentos de proteção".
O concurso, que oferece vagas em 306 localidades espalhadas por todos os estados e o Distrito Federal, terá suas provas aplicadas no dia 15 de dezembro. As taxas de inscrição variam de R\$ 39,80 para cargos de nível médio a R\$ 42 para nível superior.
Resta saber se essa medida será suficiente para reverter o quadro de deterioração dos Correios e garantir a qualidade dos serviços prestados à população. A expectativa é que a nova gestão da estatal, que assumiu o comando da empresa em meio a um cenário de caos e incertezas, consiga implementar as mudanças necessárias para evitar o colapso total do sistema postal brasileiro.
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