As Usafas de Praia Grande abrem suas portas para a saúde da mulher, com uma programação que mistura preventivos, mamografias e boas intenções
Campanhas do Outubro Rosa ganham visibilidade, mas o atendimento de qualidade ainda é uma batalha no sistema público de saúde de Praia Grande. |
Chegamos à época do ano em que o rosa invade as vitrines e as campanhas publicitárias, tudo em nome de um nobre propósito: a conscientização sobre o câncer de mama e de colo de útero. Em Praia Grande, as Usafas (Unidades de Saúde da Família) colocaram em prática a agenda do Outubro Rosa com uma série de atividades voltadas ao público feminino, incluindo coletas de exames preventivos, agendamentos de mamografias e palestras sobre saúde. O evento se estenderá ao longo de outubro, com um destaque especial para o dia 19, quando todas as unidades estarão abertas para atender mulheres que não têm disponibilidade durante a semana.
A iniciativa, claro, merece aplausos – pelo menos na teoria. Afinal, garantir que as mulheres tenham acesso aos exames que podem detectar precocemente doenças graves, como o câncer de mama, é essencial. Mas por trás dos panfletos coloridos, surge a pergunta: o sistema de saúde da cidade está realmente preparado para suportar essa demanda?
É curioso observar como as campanhas se tornam quase festivas, cheias de cores vibrantes e slogans motivacionais, mas raramente há menção à realidade por trás das cortinas. As filas intermináveis para consultas, exames e, principalmente, para tratamentos. Não seria surpreendente se, ao término de outubro, muitas mulheres que participaram da campanha ainda estejam aguardando seus agendamentos para mamografias. Mas quem se importa? Outubro Rosa passou, o sistema volta à normalidade.
A enfermeira Camilla Rodrigues Godinho, coordenadora de Saúde da Mulher da Sesap, explicou que mulheres entre 50 e 69 anos são o público-alvo das mamografias. Já para os exames preventivos de Papanicolau, a faixa etária recomendada é de 25 a 64 anos. E, para realizar o exame, basta seguir algumas orientações simples, como não estar menstruada e evitar relações sexuais ou o uso de cremes vaginais nos dois dias anteriores ao exame. Parece simples, até lembrarmos que há toda uma logística envolvida para conseguir atendimento em um sistema que muitas vezes caminha a passos lentos.
Além dos exames, as Usafas promovem palestras e atividades em grupo, porque afinal de contas, nada melhor do que um pouco de conversa para distrair a mente enquanto se espera – seja por um diagnóstico ou por um encaminhamento que pode demorar meses para acontecer. No sábado especial, dia 19, as mulheres ainda poderão atualizar seus cadastros na Usafa, um passo fundamental para garantir que a unidade possa entrar em contato no futuro. Resta saber se esse futuro inclui mais do que um simples papel no prontuário.
A ação do Outubro Rosa em Praia Grande, sem dúvida, é necessária e muito bem-vinda. No entanto, a reflexão que fica é se essa campanha, envolta em tanto marketing, realmente oferece soluções palpáveis para as mulheres que dependem do sistema público de saúde. Afinal, uma flor no cabelo não resolve o problema se o atendimento não vai além das intenções.
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