Moradores denunciam aumento da insegurança e descaso com a infraestrutura pública, enquanto respostas oficiais soam como eco vazio
Chuveiros quebrados e insegurança refletem a negligência na orla de Santos, gerando descontentamento entre moradores e visitantes. |
A orla de Santos, cartão-postal de uma das cidades mais icônicas do litoral paulista, tem se tornado cenário de reclamações frequentes e preocupantes. Assaltos, aumento expressivo de pessoas em situação de rua e infraestrutura negligenciada, como os chuveiros públicos quebrados, estão entre as queixas dos moradores, que se sentem abandonados por uma gestão municipal que promete muito, mas entrega pouco.
Uma moradora, que pediu para não ser identificada, relatou um episódio que exemplifica o clima de insegurança na região. Enquanto passeava com sua cachorra pela orla, foi abordada por dois homens vindos da faixa de areia. O olhar desconfiado da mulher e a proximidade de um casal sentado por perto foram suficientes para fazê-los recuar, mas a sensação de ter escapado de uma tentativa de assalto permaneceu.
"Eles não pareciam intimidados, mesmo quando perceberam que eu os observava. Só me deixaram em paz porque me aproximei de outras pessoas", desabafou. Para muitos moradores, esse é um retrato da insegurança cotidiana, que afasta frequentadores das praias e mancha a imagem da cidade.
Além da insegurança, a presença crescente de pessoas em situação de rua tem gerado desconforto entre os frequentadores da orla. Segundo relatos, é comum encontrar pequenos "acampamentos" sob os coqueiros, geralmente ocupados por homens. Para os moradores, a sensação de abandono não se limita à segurança pública, mas se estende ao aspecto social. "A impressão é de que a orla se tornou um lugar para tudo, menos para lazer", comentou outro residente.
Como se não bastasse o clima de insegurança, a deterioração da infraestrutura pública também pesa. Chuveiros públicos, especialmente nas proximidades do Posto 5, estão inutilizáveis devido à falta de manutenção. Um casal de turistas, durante o feriado de 20 de novembro, procurou em vão um chuveiro funcional. A cena reflete o descaso com a imagem da cidade diante de seus visitantes.
Em resposta às críticas, a Prefeitura de Santos emitiu uma nota, orientando os moradores a acionarem o serviço de abordagem social, pelo telefone 153, para tratar da situação das pessoas em vulnerabilidade na orla. Também informou que os reparos nos chuveiros estão programados para conclusão até o final do mês.
Sobre a segurança, a administração municipal destacou que a Guarda Civil Municipal (GCM) atua em parceria com as autoridades policiais, reforçando as operações de videomonitoramento e patrulhamento. Desde outubro, a cidade conta com a operação "Cerco Fechado", prometendo intensificar a segurança nas áreas mais críticas.
Porém, para os munícipes, as iniciativas não passam de ações paliativas. "O tal 'Cerco Fechado' está mais para um portão aberto. Eles dizem que estão agindo, mas quem anda pela cidade percebe outra realidade", critica um morador.
Enquanto as autoridades se limitam a discursos e os problemas se acumulam, moradores e turistas enfrentam uma orla cada vez menos acolhedora. Entre tentativas de assalto, abandono social e descaso com a infraestrutura, a sensação de insegurança e frustração domina o cenário que deveria ser um símbolo de lazer e tranquilidade.
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