Durante operação de rotina, tiroteio entre policiais e suspeitos deixa duas vítimas fatais e levanta questionamentos sobre segurança pública e o papel do Estado
Operação policial no Morro São Bento, onde uma criança de 4 anos e um adolescente perderam a vida em confronto com a polícia. |
Uma criança de 4 anos e um adolescente de 17 anos, este último suspeito de atirar contra policiais, foram mortos durante uma troca de tiros envolvendo policiais militares na noite de terça-feira (5), no Morro São Bento, em Santos. Segundo o boletim de ocorrência, o incidente ocorreu durante uma patrulha de rotina da Polícia Militar, que flagrou um grupo de homens suspeitos e deu início a uma ação policial que terminou com o desfecho trágico. Outro adolescente, de 15 anos, também foi atingido, mas sobreviveu e foi encaminhado ao hospital sob escolta.
A operação, realizada por volta das 20h15, envolveu ao menos três viaturas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) que patrulhavam as ruas São Sérgio e São Fernando, quando avistaram um grupo de cerca de dez homens, entre eles quatro motociclistas. O grupo suspeito dispersou-se ao notar a presença da polícia, dando início a uma fuga pelas vielas e vegetação densa do morro. A perseguição, que envolveu mais policiais que chegaram como reforço, terminou em confrontos armados.
De acordo com depoimentos dos policiais envolvidos, a equipe iniciou a busca pelos suspeitos após avistá-los em um ponto conhecido pelo tráfico de drogas. No desenrolar da ação, a situação rapidamente se transformou em um tiroteio. Segundo os agentes, os suspeitos dispararam contra a polícia, que revidou e solicitou reforço para controlar a situação.
A equipe de apoio se posicionou na parte superior do morro, surpreendendo o grupo. Nesse segundo confronto, o adolescente de 17 anos foi atingido e, posteriormente, declarado morto. A criança de 4 anos, Ryan da Silva Andrade Santos, foi baleada durante o tiroteio e não resistiu aos ferimentos. A morte de Ryan gerou consternação e mobilizou órgãos de segurança para investigar as circunstâncias da tragédia.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) lamentou a morte de Ryan e informou que a Delegacia Seccional de Santos abriu um inquérito para apurar os fatos. Peritos foram designados para analisar as armas apreendidas e o local do confronto, a fim de esclarecer a origem dos disparos que atingiram a criança. De acordo com o BO, foram apreendidas três motocicletas, uma das quais possuía queixa de furto, além de armas de fogo e um radiocomunicador que estaria sendo utilizado pelos suspeitos.
Na madrugada desta quarta-feira (6), um novo confronto sem vítimas fatais foi registrado em Santos, desta vez na Avenida Getúlio Dornelles Vargas, no centro da cidade. Durante uma patrulha pelos corredores de ônibus, uma equipe policial avistou um homem que, ao perceber a presença dos agentes, teria ameaçado os policiais com gritos e disparos contra a viatura. Os agentes recuaram, mas logo retornaram e iniciaram uma nova troca de tiros, que se estendeu até a escadaria Joana D'Arc. O suspeito conseguiu fugir pela mata, e as condições geográficas do local impediram que os policiais avançassem em sua captura.
A morte da criança e do adolescente reacende debates em torno da segurança pública, especialmente em áreas periféricas e comunidades. Esse episódio levanta questões sobre a eficácia das ações policiais e os riscos das operações em zonas urbanas densas e complexas como o Morro São Bento. Para muitos, a tragédia simboliza a difícil e delicada missão da segurança pública em equilibrar combate ao crime e preservação de vidas inocentes.
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