Segundo suspeito de participação no assassinato de colaborador da Justiça é capturado em ação da Polícia Civil
Vinícius Gritzbach, em imagens que ilustram sua trajetória: da prisão como delator à execução brutal que chocou o país. |
Uma operação coordenada pela Polícia Civil de São Paulo prendeu, na noite desta segunda-feira (9), Matheus Augusto de Castro Mota, apontado como o segundo suspeito de envolvimento na execução de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, colaborador da Justiça que delatava esquemas do Primeiro Comando da Capital (PCC). A prisão ocorreu em um apartamento em Praia Grande, no bairro Canto do Forte, ampliando os desdobramentos de um caso que abalou a segurança pública e escarnou as conexões entre o crime organizado e esquemas de lavagem de dinheiro.
O crime, ocorrido em 8 de novembro no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, teve características de uma execução meticulosamente planejada. Vinícius, empresário e delator do PCC, foi alvejado enquanto transitava pelo terminal, ato que reforça as suspeitas de retaliação direta pela sua colaboração com as autoridades.
Matheus Mota é acusado de fornecer dois veículos utilizados na fuga dos atiradores e de um "olheiro" que monitorava a movimentação de Vinícius no aeroporto. A captura do suspeito só foi possível graças ao trabalho de inteligência da força-tarefa liderada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), conforme detalhado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em publicação na rede social X (antigo Twitter).
Mota teve sua prisão temporária decretada pela Justiça e, após a detenção, foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação.
Vinícius Gritzbach, além de empresário, era uma peça-chave nas investigações contra o PCC. Ele havia firmado um acordo de delação premiada, fornecendo informações que ligavam a facção a esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo imóveis de luxo em Bertioga. Entre os negócios detalhados por Vinícius, estavam transações que somavam R$ 7,2 milhões, ocultadas por meio de "laranjas".
O delator comprometeu-se a devolver R$ 15 milhões aos cofres públicos e colaborava com dados sobre policiais supostamente ligados ao PCC, incluindo agentes do próprio DHPP, Deic e do 24º Distrito Policial da Capital.
A execução de Vinícius lança luz sobre a perigosa relação entre o crime organizado e setores institucionais. Sua colaboração não apenas atingia o núcleo financeiro da facção, como também expunha uma teia de corrupção que parecia blindar a organização criminosa.
A prisão de Matheus Mota é um passo crucial, mas as autoridades continuam em busca de outros envolvidos no assassinato, incluindo os executores diretos e eventuais mandantes do crime.
A execução no aeroporto e os desdobramentos subsequentes evidenciam que, mesmo sob acordos de colaboração premiada, o risco para delatores e suas famílias é alto, desafiando as garantias de segurança prometidas pelo sistema judicial.
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