Polícia investiga falhas na segurança e possíveis omissões após equipamento de monitoramento não ser encontrado
Residência onde ocorreu a tragédia segue sob investigação; câmeras de segurança e comportamento dos envolvidos levantaram suspeitas das autoridades. Foto: Reprodução. |
Uma noite que deveria ser apenas mais um domingo tranquilo terminou em tragédia no bairro Jardim Virgínia, em Guarujá. Uma bebê de apenas um ano e meio morreu afogada na piscina da residência onde morava com o pai e a madrasta. O caso, que inicialmente pareceu um acidente doméstico, ganhou contornos nebulosos após inconsistências no cenário e o desaparecimento de um equipamento crucial para a investigação.
O episódio ocorreu por volta das 22h30 do último domingo (29). De acordo com o boletim de ocorrência, a criança foi encontrada já sem vida na piscina da casa. A primeira denúncia às autoridades veio por meio da ex-mulher do pai da vítima, que recebeu a trágica notícia por uma filha mais velha, irmã da bebê.
Segundo depoimentos, os adultos presentes na residência estavam reunidos na sala e, em um momento de distração, perderam a bebê de vista. Minutos depois, encontraram-na submersa na piscina. A criança chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada, mas já era tarde. O óbito foi confirmado pela equipe médica.
No registro policial, a investigação aponta elementos que despertam suspeitas. A residência possuía diversas câmeras de monitoramento, incluindo na área da piscina, mas o Digital Video Recorder (DVR), dispositivo que armazena as imagens, não foi localizado. A ausência do equipamento levanta questionamentos sobre o que pode ter ocorrido nos momentos críticos que antecederam a tragédia.
Familiares afirmaram que as câmeras poderiam ser falsas, instaladas apenas para afastar criminosos. A declaração, no entanto, não convenceu totalmente os investigadores, que consideram improvável que todas as câmeras fossem meramente decorativas.
Outro elemento intrigante foi o estado da residência no momento da chegada da Polícia Civil. A casa estava fechada, e nenhuma pessoa permaneceu para prestar esclarecimentos imediatos. Os adultos presentes, incluindo a mãe da bebê, haviam se deslocado para Santos logo após o incidente.
Além disso, foram encontradas diversas garrafas de bebidas alcoólicas espalhadas pelo local, juntamente com uma caixa de som de médio porte. Os itens sugerem que uma confraternização pode ter ocorrido naquela noite, o que poderia explicar a distração dos adultos.
O pai da criança, um homem de 50 anos, chegou a comparecer à delegacia para prestar depoimento, mas passou mal durante o procedimento. Ele precisou ser socorrido e levado a um hospital particular em Santos.
A perícia compareceu ao imóvel para coletar evidências. A Polícia Civil investiga o caso como morte suspeita acidental, mas não descarta outras hipóteses, como negligência.
O desaparecimento do DVR, somado às inconsistências nos depoimentos e ao comportamento dos envolvidos, adiciona camadas de complexidade ao caso. Os investigadores pretendem ouvir novamente todas as testemunhas e aguardam os laudos periciais para determinar se houve falha humana ou negligência direta.
Enquanto isso, o luto toma conta de uma família dilacerada por uma perda irreparável. Em meio às dúvidas que pairam no ar, resta apenas a certeza de que uma vida frágil foi interrompida de forma trágica e, possivelmente, evitável.
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