Encerrando a liberdade ao entardecer: Quando o lazer no Maracanã perde o fôlego
O sol arde como uma fogueira sobre o Parque de Lazer Maracanã, encerrando também a diversão. |
Praia Grande, a cidade que ostenta sol, mar e uma população sedenta por espaços de lazer, viu três grandes obras serem inauguradas recentemente: a Praça da Liberdade Zumbi dos Palmares e o Parque de Lazer Maracanã, ambos no Bairro Maracanã, além da revitalização da Praça Carlos Gomes, no Solemar. O evento de entrega, realizado em solenidade com a presença da prefeita Raquel Chini e do secretário estadual de Turismo e Viagens, Roberto de Lucena, foi mais do que um corte de fita. Foi um corte de esperanças ao entardecer.
A prefeita destacou que os novos espaços são essenciais para a promoção da cidadania e da convivência. "São locais que incentivam a conexão com a natureza e a história, proporcionando mais saúde física e psicológica, especialmente para as crianças que podem brincar ao ar livre, estimulando criatividade e concentração", afirmou Chini. Contudo, há um detalhe que não foi mencionado no discurso oficial: a liberdade desses espaços parece ter hora marcada.
Com funcionamento das 8h às 17h30, o Parque de Lazer Maracanã parece ignorar a realidade climática e social da região. Em uma cidade onde as temperaturas são frequentemente elevadas, o sol é um obstáculo natural para idosos com comorbidades e crianças, que precisam evitar a exposição direta em horários de pico. E quando finalmente o astro-rei começa a se recolher, trazendo a brisa mais amena do entardecer, o parque fecha suas portas, quase como se o lazer fosse expulso ao anoitecer.
Pais que trabalham durante o dia e sonham com momentos de qualidade ao ar livre com seus filhos após as 17h30 acabam frustrados. Idosos que poderiam caminhar ou simplesmente desfrutar do frescor da noite também são privados. Isso sem mencionar a peculiar falta de sombras no local, que transforma o espaço em uma verdadeira arena solar durante o dia.
Curiosamente, a poucos metros do Parque de Lazer Maracanã está um posto de bombeiros da Polícia Militar, garantindo um nível elevado de segurança à região. O local poderia se tornar um ponto de encontro para os próprios bombeiros e policiais, que também poderiam usufruir do espaço para exercícios e atividades físicas ao anoitecer. Mas, ao que parece, a planilha de funcionamento venceu a razão.
A falta de áreas sombreadas é uma falha notória que, combinada com o horário restrito, limita severamente a utilidade do espaço. As práticas de urbanismo moderno incentivam a criação de espaços multifuncionais e acessíveis em qualquer horário do dia, justamente para atender às necessidades de uma população diversa.
Não é apenas uma questão de lazer; é uma questão de inclusão e aproveitamento pleno dos recursos públicos. Qual a justificativa para limitar o acesso ao Parque de Lazer Maracanã ao período diurno em uma cidade que respira a brisa noturna como parte de sua identidade?
A situação do Parque de Lazer Maracanã é um retrato fiel das contradições urbanas. Um espaço que deveria ser um símbolo de convivência e inclusão se transforma em um local excludente devido a uma agenda que desconsidera as dinâmicas reais da população.
A população clama por mudanças simples, mas impactantes: a extensão do horário de funcionamento para o período noturno e a implementação de mais áreas sombreadas. Afinal, um parque que é fechado antes mesmo do melhor momento para utilizá-lo é como um presente que nunca pode ser aberto.
A cidade precisa decidir se o Parque de Lazer Maracanã será um símbolo vivo de resistência e convivência ou mais um monumento estético que serve apenas ao discurso. Porque lazer com hora marcada é, no mínimo, uma contradição.
1 Comentários
Um absurdo,como que uma praça pra laser fecha às 17h? O horário em que o sol baixa e é proporcio para aproveitar. Não tem lógica
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