Na Rua Flausina de Oliveira Rosa, em Praia Grande, uma frase gravada no muro de uma residência lança luz sobre a ousadia de criminosos
Inscrição criminosa em muro de residência no bairro Caiçara, Praia Grande, desafia autoridades e promove apologia ao crime. |
No bairro Caiçara, em Praia Grande, uma residência localizada no número 839 da Rua Flausina de Oliveira Rosa carrega uma inscrição perturbadora que desafia a ordem pública: "Se mexer aqui, vou chamar o disciplina". A frase, repetida no portão, muro e batente, faz alusão direta ao Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa conhecida por controlar atividades ilícitas dentro e fora dos presídios.
O que poderia ser visto como uma provocação ou brincadeira de mau gosto revela, na verdade, um cenário preocupante. Apologia ao crime é tipificada como delito no Código Penal brasileiro, e o episódio escancara uma realidade alarmante: o descaso das autoridades diante de uma afronta explícita à legalidade.
A inscrição está ali há mais de um ano, segundo moradores da região. O local, que fica em frente à movimentada feira dominical, torna-se uma vitrine para centenas de pessoas que passam por ali semanalmente, inclusive jovens e adolescentes. Para muitos, a mensagem funciona como uma propaganda criminosa, sugerindo que organizações ilícitas seriam capazes de oferecer segurança mais eficiente do que as forças de segurança pública.
O silêncio das autoridades frente à situação é ensurdecedor. Viaturas da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Guarda Civil Municipal (GCM) passam regularmente pela rua, mas nenhuma providência foi tomada. O que explicaria tamanha omissão? Seria negligência, falta de efetivo ou desinteresse?
A cobrança se estende também ao Ministério Público, instituição responsável por fiscalizar o cumprimento da lei. Como pode uma afronta tão clara à ordem pública passar despercebida durante tanto tempo?
A inscrição desafia não apenas as leis, mas também a moralidade coletiva. O risco de normalizar ou banalizar mensagens que glorificam o crime é imenso, especialmente em áreas que enfrentam altos índices de vulnerabilidade social.
Embora o episódio exponha uma falha gritante de fiscalização, ele também oferece uma oportunidade para as autoridades investigarem e agirem. Quem é o responsável pela mensagem? Existe algum vínculo da propriedade ou de seus ocupantes com atividades criminosas? E, talvez mais importante, quem seria o tal "disciplina" mencionado na inscrição?
As respostas a essas perguntas podem ser cruciais para desmontar redes de criminalidade que atuam na região. A investigação e remoção imediata da inscrição devem ser tratadas como prioridade para garantir que a mensagem de impunidade não se perpetue.
A omissão diante de um caso como este tem implicações que vão além da questão legal. A presença de uma inscrição que evoca a criminalidade em plena via pública transmite uma mensagem preocupante às novas gerações: a de que o crime é tolerado e até respeitado.
Para os moradores do bairro e os frequentadores da feira dominical, a inscrição é mais do que um incômodo visual — é um lembrete constante da fragilidade do Estado no enfrentamento ao crime.
A sociedade espera respostas. O tempo da inação já passou, e cabe às forças de segurança, ao Ministério Público e às autoridades municipais demonstrarem que a ordem pública prevalece sobre a ousadia criminosa.
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