Chefe do tráfico é condenado como líder de quadrilha, enquanto Edinho, herdeiro de Pelé, é absolvido em decisão que divide opiniões
Naldinho durante depoimento na CPI do Tráfico de Armas, momento em que foi confrontado sobre suas conexões com o crime organizado. |
Após quase 16 anos de paradeiro desconhecido, Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, conhecido como Naldinho, foi sentenciado a 25 anos de reclusão por tráfico e associação para o tráfico de drogas. Outras sete pessoas ligadas à quadrilha também foram condenadas, enquanto o ex-goleiro e empresário Edson Cholbi Nascimento, o Edinho, filho de Pelé, foi absolvido por falta de provas nos mesmos delitos. A decisão foi emitida pelo juiz Antonio Carlos Costa Pessoa Martins, da 2ª Vara Criminal de Praia Grande, no dia 28 de novembro.
Descrito como o líder da organização criminosa, Naldinho coordenava operações ilícitas que envolviam tanto o tráfico de drogas quanto atividades de fachada para lavagem de dinheiro. Segundo o juiz, “todos os demais membros da organização reportavam-se a ele, prestando contas, dando satisfações e ouvindo suas orientações”. Ademir Carlos de Oliveira, apelidado de Pezão e apontado como o “químico” do bando, também recebeu a pena de 25 anos, em razão do papel central na manipulação das substâncias apreendidas.
Edinho foi defendido pelo advogado Eugênio Carlo Balliano Malavasi, que sustentou a falta de evidências de sua participação no tráfico ou na associação criminosa. O juiz corroborou essa visão ao considerar que o vínculo entre Edinho e Naldinho, embora próximo, limitava-se a possíveis movimentações financeiras, não havendo provas que o implicassem diretamente nos crimes de tráfico. “Outra solução não resta senão a absolvição do denunciado referido”, declarou o magistrado.
Edinho, ex-goleiro e filho de Pelé, foi absolvido das acusações de tráfico e associação para o tráfico de drogas. |
Em 2005, uma operação policial no sítio de Naldinho, localizado em Ribeirão Pires, resultou na apreensão de 243,8 quilos de cocaína, meia tonelada de produtos químicos, armas de fogo — incluindo submetralhadoras e pistolas —, além de grande quantidade de munição. O local também possuía um subterrâneo secreto onde o arsenal foi encontrado.
Paralelamente, outra operação revelou a estrutura de lavagem de dinheiro da quadrilha, com 144 veículos apreendidos em lojas de fachada em São Paulo e Santos. Os bens, avaliados em milhões, foram declarados perdidos em favor da União na sentença.
Quatro membros da quadrilha tiveram suas penas extintas devido à prescrição. O último marco interruptivo da prescrição foi o recebimento da denúncia, em outubro de 2011. Como resultado, os crimes de posse ilegal de armas e munições prescreveram em 2022 e 2023, respectivamente, deixando de ser puníveis.
O desmantelamento parcial da quadrilha de Naldinho simboliza o combate ao tráfico de drogas, mas também expõe as limitações do sistema judicial brasileiro. Apesar das condenações significativas, a prescrição de crimes e a lentidão processual evidenciam a necessidade de reformas que assegurem punições mais céleres e eficazes.
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