Operação policial apreende armas, drogas e veículo roubado em ação no Morro do São Bento
Material apreendido durante a operação policial em Santos incluiu drogas, armas e um veículo roubado, em mais um golpe contra o crime na Baixada Santista. Foto: Polícia Militar/Divulgação. |
A violência que permeia os morros da Baixada Santista teve mais um capítulo alarmante nesta quinta-feira (23), com a prisão de um homem de 37 anos, que se autodenominava o "dono dos Morros do São Bento/Pacheco". Procurado pela Justiça, ele é acusado de ser o mandante da tentativa de homicídio contra uma policial militar, alvejada por tiros de fuzil em agosto de 2023, em um caso que chocou a população local. A ação policial não apenas resultou na captura do suspeito, mas também expôs o arsenal e os esquemas criminosos que mantêm a região refém do poder paralelo.
A investida foi realizada pelo 2º BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), que patrulhava a região quando avistou um grupo de sete homens fugindo pelas escadarias que conectam os morros do São Bento e da Penha. O comportamento suspeito não passou despercebido: com mochilas nas costas, um rádio comunicador e, em um dos casos, uma arma de fogo em punho, os indivíduos tentaram buscar refúgio em uma casa desabitada. Foi ali que a guarnição montou um cerco, encerrando a rota de fuga e detendo o grupo.
Ao revistarem as mochilas, os agentes encontraram uma quantidade significativa de entorpecentes, confirmando as suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. Entre os detidos, estava o homem identificado como o suposto mandante da tentativa de homicídio contra a policial militar. Com ele, a polícia apreendeu a chave de um veículo roubado estacionado nas proximidades, além de constatar que ele portava documentos falsos. Apesar de alegar ser do estado de Minas Gerais, sua verdadeira identidade foi confirmada através de exame datiloscópico na delegacia.
Os demais suspeitos também foram encaminhados à delegacia, com exceção de um menor de idade, que foi liberado para a responsável legal. O restante permaneceu à disposição da Justiça, enquanto o caso foi registrado no 2º Distrito Policial de Santos e também na Diju (Delegacia da Infância e Juventude).
A captura do homem que se autodenomina "dono" dos morros em questão é um reflexo de uma dinâmica de poder que vem sendo consolidada há anos na região. Os morros da Baixada Santista, com suas escadarias sinuosas e vielas estreitas, servem não apenas como refúgio para os criminosos, mas também como territórios estrategicamente controlados pelo tráfico de drogas. A prática de reivindicar autoridade local através do título de "dono" é um lembrete sórdido do grau de influência que esses indivíduos exercem sobre as comunidades.
A detenção do suspeito e dos seus comparsas é uma vitória significativa, mas também lança luz sobre as fragilidades do sistema de segurança pública na região. Como alguém com um histórico tão extenso conseguiu permanecer foragido por tanto tempo? A realidade aponta para a necessidade de maior integração entre as políticas de combate ao crime e o investimento em inteligência policial.
Ao mesmo tempo, a presença de um menor de idade entre os envolvidos reforça a questão social que permeia o aliciamento de jovens pelo tráfico de drogas. As comunidades que vivem sob o jugo do poder paralelo enfrentam uma realidade onde o crime, muitas vezes, se apresenta como a única alternativa viável para a juventude desassistida.
A operação no Morro do São Bento/Pacheco trouxe à tona um problema antigo e persistente: a convivência do poder oficial com o poder paralelo. A prisão do suposto mandante da tentativa de homicídio contra a policial militar é um marco importante, mas a batalha está longe de ser vencida. É imprescindível que as autoridades não apenas intensifiquem as ações de combate, mas também priorizem soluções de longo prazo que ofereçam aos jovens das comunidades um caminho longe da criminalidade.
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