Homem é surpreendido com "cardápio" variado de entorpecentes e rádio na frequência errada após despertar a desconfiança da PM em Santos
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Material entorpecente, rádio comunicador e dinheiro apreendidos pela Polícia Militar durante abordagem a suspeito de tráfico no bairro Jabaquara, em Santos. Foto: Divulgação/Polícia Militar. |
As vielas do Jabaquara, em Santos, conhecidas por seus segredos e sombras, foram palco de mais um capítulo na interminável crônica policial nesta última sexta-feira. Um roteiro já familiar para os moradores e para as forças de segurança: patrulhamento ostensivo, uma figura considerada "fora do lugar comum" e a inevitável abordagem que culminou na detenção de um homem sob a acusação de tráfico de drogas.
Era mais uma ronda rotineira que patrulhava a Rua Engenheiro José Garcia da Silveira, quando a experiência e, talvez, aquele sexto sentido que veteranos chamam de "faro policial", fizeram os olhos dos militares se deterem. Não foi um alarde, um grito ou uma correria que chamou a atenção, mas a presença quase estática de um indivíduo postado estrategicamente próximo à entrada de um dos becos que serpenteiam pelo bairro. Um cenário comum, talvez, se não fossem os acessórios.
Em suas mãos, uma prosaica sacola plástica preta – invólucro onipresente no cotidiano, mas que, naquele contexto e local, transmutava-se em sinal de alerta piscante. Para completar o "figurino da suspeição", quase um item obrigatório no manual não escrito do pequeno crime organizado local, um rádio comunicador. O aparelho, frequentemente sintonizado na frequência da polícia na tentativa vã de antecipar operações, denunciava uma possível função de "olheiro" ou mesmo de gestor logístico de alguma atividade não exatamente lícita. A combinação – local ermo, sacola misteriosa, comunicação à parte – foi o estopim para a ação.
A desconfiança, naquele momento, já havia se solidificado em certeza operacional. A abordagem foi realizada seguindo os protocolos. Sem tempo para álibis criativos ou tentativas de dispersão, o suspeito foi submetido à revista pessoal. A sacola preta, antes um objeto de conjectura, revelou seu conteúdo sem cerimônias: um sortimento que faria a infelicidade de qualquer defensor da lei e a alegria efêmera de usuários.
Dentro dela, um verdadeiro "mix" de entorpecentes, cuidadosamente fracionados e embalados para a venda direta ao consumidor final: porções de maconha, pedaços de haxixe e papelotes de cocaína. A pesagem posterior confirmaria o volume considerável para o varejo ilícito: mais de meio quilo de substâncias proibidas. Como "bônus" pela diligência policial, foram apreendidos também o rádio comunicador, agora emudecido e inútil para seus propósitos originais, e uma quantia em dinheiro vivo, cuja origem dificilmente seria comprovada através de um holerite.
Com as provas materiais em mãos e o flagrante delito configurado de forma incontestável, o destino do homem foi traçado rumo à Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos. Ali, entre as paredes frias da burocracia policial e jurídica, a ocorrência foi devidamente registrada. O suspeito, agora formalmente indiciado por tráfico de drogas, teve sua liberdade temporariamente suspensa, permanecendo sob custódia do Estado, à disposição da Justiça para os devidos procedimentos legais.
Mais um episódio na estatística criminal da cidade, mais uma apreensão que representa um golpe no microtráfico local, mas que, na grande engrenagem do crime, soa mais como a troca de uma peça facilmente substituível do que um dano estrutural. O beco, por sua vez, continua lá, testemunha silenciosa de negócios escusos e da dança repetitiva entre policiais e aqueles que vivem à margem da lei.
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