Parceria com o pai de Neymar promete modernização, mas levanta questionamentos sobre o modelo de gestão e dependência externa
A notícia ecoou pela Baixada Santista como um grito de gol: o Santos Futebol Clube, em uma jogada que mistura tradição e visão de futuro, anunciou a construção de um novo Centro de Treinamento (CT) na cidade de Praia Grande. O projeto ambicioso, batizado de Vila Praia Grande, surge através de uma parceria estratégica com a NR Sports, empresa do empresário Neymar da Silva Santos, pai do renomado camisa 10, e o Grupo Peralta, proprietário da vasta área de 90 mil metros quadrados onde o empreendimento será erguido, nas proximidades do movimentado Litoral Plaza Shopping.
A cerimônia de anúncio, realizada durante a inauguração das modernas instalações do CT Rei Pelé, serviu como palco para a apresentação do projeto que promete revolucionar a infraestrutura do Alvinegro Praiano. A nova casa do elenco profissional contará com cinco campos de futebol e três estruturas de hotelaria. Destes, dois campos e um hotel serão destinados ao uso exclusivo do clube, enquanto os outros três campos ficarão sob a gestão da NR Sports e do Grupo Peralta.
A parceria, no entanto, vai além do centro de treinamento. Uma arena com capacidade para 25 mil torcedores, ostentando a marca Neymar, também está nos planos para Praia Grande. A ideia é que o Santos possa alternar seus jogos entre o emblemático estádio da Vila Belmiro, que também passa por um projeto de modernização, e a nova arena, buscando ampliar suas receitas e oferecer uma experiência diferenciada aos seus torcedores.
Neymar da Silva Santos, com sua habitual eloquência, defendeu o modelo de negócio, argumentando que o foco do clube deve ser o investimento no futebol e não necessariamente no acúmulo de patrimônio. "O Santos não precisa de patrimônio, precisa ter dinheiro para fazer futebol, pagar seus atletas e investir em futebol. Clube não pode crescer em patrimônio. O que vai ser entregue ao Santos é o novo CT, não vai ficar devendo durante 30 anos, vai adquirir esse equipamento por 100 anos para fazer futebol. Se não fizer shows, não se paga. Quem lucra com o Allianz Parque? É a WTorre? Não, é o Bourbon, shopping que fica em volta, é o estacionamento. Você sabe quanto custa para manter a Vila Belmiro? Problema. O que a gente precisa é que o entorno, esse hub, pague para essa arena existir e o Santos recebe disso. O Santos precisa de receita", declarou o pai do craque.
Apesar da empolgação inicial, a parceria levanta algumas interrogações. A dependência de um ator externo, ainda que ligado historicamente ao clube, para a concretização de um projeto de tamanha magnitude pode gerar questionamentos sobre a autonomia e o controle do Santos sobre seu próprio futuro. A exploração de parte do CT pela empresa de Neymar pai, com foco em intercâmbios e parcerias, embora possa trazer benefícios a longo prazo, também suscita dúvidas sobre a priorização das necessidades do time profissional.
A declaração de Neymar pai sobre a necessidade de o entorno da arena gerar receita para sua manutenção acende um alerta sobre o modelo de exploração do novo equipamento. Se a sustentabilidade da arena depender de eventos e atividades paralelas ao futebol, o foco principal do Santos, que é o esporte de alto rendimento, poderia ser, em alguma medida, diluído.
Por outro lado, é inegável a força da marca Neymar e o potencial de visibilidade e investimentos que essa parceria pode trazer para o Santos. Em um cenário financeiro desafiador para muitos clubes brasileiros, a injeção de recursos e a modernização da infraestrutura são cruciais para o Peixe voltar a figurar entre os grandes do futebol.
Resta acompanhar de perto os próximos passos dessa parceria ousada e verificar se ela se traduzirá em um verdadeiro gol de placa para o futuro do Santos Futebol Clube ou se representará uma jogada de risco com consequências imprevisíveis.
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