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Santa Casa de Santos à beira do abismo: Imóvel avaliado em mais de meio bilhão é penhorado por dívida de R$ 30 milhões

 Hospital vende patrimônio histórico para custear débitos, enquanto Irmandade admite dilapidação progressiva do legado de filantropo

Santa Casa de Misericórdia de Santos: entre o patrimônio histórico e a crise financeira, um dilema que desafia a própria essência da instituição.

Em um cenário que mescla o trágico com o absurdo, a renomada Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos se vê em apuros financeiros tão graves que até mesmo um patrimônio histórico é sacrificado em nome de dívidas. O imóvel que abrigou por mais de um século o Instituto Dona Escolástica Rosa, avaliado em mais de meio bilhão de reais, foi entregue como garantia em uma dívida de meros R$ 30 milhões com o Governo Federal. Uma situação que, para muitos, beira o incompreensível.

Segundo os documentos obtidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), a Santa Casa enfrenta uma avalanche de débitos que colocam em risco não apenas sua estabilidade financeira, mas também seu legado e compromisso com a sociedade. Somando-se aos R$ 97 milhões devidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o total ultrapassa os R$ 130 milhões, uma cifra alarmante para uma instituição que, teoricamente, deveria ser um pilar de cuidado e amparo à população.

O caso ganha contornos ainda mais sombrios quando se observa a gestão do patrimônio legado pelo filantropo João Octávio dos Santos. O testamento do benemérito deixou à Irmandade 44 preciosos imóveis, com a finalidade explícita de garantir o custeio perpétuo do Instituto Dona Escholástica Rosa. No entanto, ao invés de proteger e valorizar esses bens, a Santa Casa optou por aliená-los, num processo que o MP-SP descreve como "dilapidação progressiva do patrimônio".

A venda de 27 dos 44 imóveis legados, especialmente a alienação do terreno na Praia da Aparecida, é um golpe profundo na memória e no propósito original desses bens. O descaso é tamanho que mesmo as construções remanescentes estão entregues ao abandono, sucumbindo às garras do tempo e do descuido.

A situação atinge seu ápice de ironia ao se considerar que, enquanto a Santa Casa enfrenta dificuldades financeiras crônicas, o terreno da antiga Escola Técnica Estadual Escolástica Rosa, hipotecado em razão de dívidas, está localizado em uma área extremamente valorizada, próximo ao mar, cobiçada pela indústria da construção civil. Um paradoxo que deixa claro o quão distante a instituição está de uma gestão responsável e sensata de seus recursos.

Não obstante, mesmo diante desse cenário caótico, a luz no fim do túnel se mostra apenas como uma miragem distante. O projeto de restauração elaborado para o conjunto arquitetônico, orçado em R$ 50 milhões, é uma tentativa tardia de salvar o que restou do legado de Escolástica Rosa. Contudo, resta saber se a Irmandade será capaz de reunir os recursos necessários para concretizá-lo.

Enquanto isso, a ação civil pública proposta pelos promotores de justiça do MP-SP segue seu curso, buscando a desapropriação do terreno da antiga escola. Resta agora à justiça ponderar sobre o destino desses preciosos bens e decidir se o legado de João Octávio será finalmente respeitado ou se sucumbirá definitivamente às garras da má gestão e da irresponsabilidade financeira.

Em tempos onde a saúde financeira de instituições centenárias está em xeque, a história da Santa Casa de Santos serve como um lembrete sombrio dos perigos de uma administração descuidada e gananciosa. Que sirva de alerta não apenas para os gestores atuais, mas para todas as instituições que têm o compromisso de zelar pelo patrimônio e pelo bem-estar da comunidade.



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