Funcionários denunciam demissões em massa, precariedade no atendimento e falta de segurança, enquanto o banco registra resultados financeiros robustos
Manifestantes em frente à agência do Bradesco no Centro de Santos protestam contra demissões e fechamento de unidades, reivindicando melhores condições de trabalho e atendimento. |
O primeiro trimestre de 2024 foi financeiramente vantajoso para o Bradesco, que alcançou lucros significativos, consolidando-se como uma das instituições financeiras mais rentáveis do Brasil. Entretanto, este cenário de prosperidade não se refletiu na realidade enfrentada pelos funcionários e clientes do banco, especialmente na Baixada Santista. Ontem, quinta-feira, 13, colaboradores da rede de bancos Bradesco em Santos realizaram uma manifestação em frente à unidade do Centro, em protesto contra uma série de medidas adotadas pela instituição que, segundo os trabalhadores, têm gerado graves prejuízos tanto para os empregados quanto para os correntistas.
Organizada pela diretoria do Sindicato dos Bancários de Santos e Região, a manifestação teve como principal foco as demissões em massa, o fechamento de agências, a falta de segurança, o sistema de atendimento precário e a insuficiência de funcionários, que resultam em longas filas e insatisfação generalizada dos clientes. Dados fornecidos pelo sindicato apontam que, nos últimos cinco anos, mais de 17 agências foram encerradas e aproximadamente 150 bancários perderam seus empregos na região da Baixada Santista.
A problemática, entretanto, não se restringe a Santos. Em todo o território nacional, o Bradesco, apesar de ter registrado um lucro impressionante de R$ 16,3 bilhões no ano passado, optou por reduzir seu quadro de funcionários, com 2.159 postos de trabalho sendo eliminados, além do fechamento de 169 agências, 173 postos de atendimento e 77 Unidades de Negócios. Estas medidas impactaram profundamente a estrutura de atendimento do banco, gerando uma série de queixas relacionadas à qualidade do serviço prestado e à segurança dos usuários e funcionários.
Os manifestantes em Santos destacaram a recorrência de assaltos às agências na Baixada Santista, expondo a fragilidade das medidas de segurança adotadas pelo Bradesco. A situação se agrava quando combinada com a redução do número de funcionários, resultando em uma sobrecarga de trabalho para os que permanecem empregados e, consequentemente, um atendimento deficiente para os clientes. Casos de agências que liberam atendimento para um número muito reduzido de pessoas se tornaram comuns, contribuindo para a formação de longas filas e aumentando a insatisfação dos correntistas.
Além das questões de segurança e atendimento, os protestos também levantaram preocupações sobre a justificativa das demissões e o fechamento de agências, especialmente à luz dos lucros expressivos obtidos pelo banco. Para muitos funcionários e representantes sindicais, a discrepância entre os resultados financeiros positivos e as medidas de corte de pessoal e encerramento de unidades levanta questionamentos sobre as verdadeiras motivações por trás dessas ações.
A resposta do Bradesco aos protestos foi o silêncio. A empresa optou por não se manifestar sobre as reivindicações dos funcionários e as críticas levantadas pelo sindicato. Essa postura de indiferença amplifica a sensação de descontentamento entre os trabalhadores e clientes, que se veem desamparados diante das transformações impostas pela administração do banco.
Com um total de 76,7 milhões de correntistas em todo o Brasil, o impacto das decisões do Bradesco é vasto e profundo. A busca por maior rentabilidade, ainda que justificada sob o prisma da eficiência empresarial, revela um dilema entre a maximização dos lucros e a responsabilidade social corporativa. À medida que o banco celebra seus números positivos, os efeitos colaterais dessas políticas se manifestam de maneira concreta e dolorosa para aqueles que dependem do emprego e dos serviços prestados pela instituição.
O cenário apresentado pelos protestos em Santos é um microcosmo das tensões que permeiam o setor bancário no Brasil, onde a busca por resultados financeiros frequentemente entra em conflito com as necessidades e expectativas dos trabalhadores e clientes. A continuidade dessas práticas e a falta de diálogo com os afetados podem, a longo prazo, comprometer a imagem e a confiança na instituição, evidenciando a necessidade de um equilíbrio mais justo e sustentável entre lucro e responsabilidade social.
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