Ministério da Saúde anuncia programa bilionário, mas especialistas questionam eficácia e apontam desafios estruturais
Fila de espera em hospital público simboliza os desafios do SUS e a necessidade de investimentos em infraestrutura e gestão. |
O Ministério da Saúde anunciou na última quarta-feira (12) o Programa Mais Acesso a Especialistas, uma iniciativa que promete injetar R$ 1 bilhão no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2024, com o objetivo de ampliar o acesso a consultas, exames e procedimentos especializados. A ministra Nísia Trindade defende o programa como uma "inovação que combina financiamento com gestão adequada", mas especialistas e a classe política questionam a eficácia da medida diante dos desafios estruturais que o SUS enfrenta.
O programa prevê uma fila única, agendamento único e retorno garantido para a unidade de saúde da família, priorizando cinco áreas: otorrinolaringologia, ortopedia, cardiologia, oftalmologia e oncologia. A promessa é de que consultas, exames e procedimentos sejam realizados em um intervalo de 30 a 60 dias, dependendo da situação. No entanto, a falta de infraestrutura, a carência de profissionais e a má gestão dos recursos são obstáculos que podem comprometer a efetividade do programa.
A adesão de 1.237 municípios e 10 estados ao programa demonstra a demanda por soluções para a saúde pública, mas também levanta dúvidas sobre a capacidade do governo federal de garantir a execução das ações propostas. A falta de transparência na gestão dos recursos e a ausência de mecanismos de controle social são fatores que contribuem para a desconfiança da população em relação às promessas do governo.
Enquanto o Ministério da Saúde celebra o Mais Acesso a Especialistas como um avanço, a realidade do SUS revela um sistema sobrecarregado, com filas de espera intermináveis, falta de medicamentos e equipamentos obsoletos. A falta de investimento em atenção básica, a precarização das condições de trabalho dos profissionais de saúde e a burocracia excessiva são problemas crônicos que precisam ser enfrentados com urgência.
O Mais Acesso a Especialistas pode ser um passo importante para melhorar o acesso à saúde especializada, mas não pode ser visto como a solução definitiva para os problemas do SUS. É preciso ir além do discurso político e investir em ações concretas que fortaleçam a estrutura do sistema, valorizem os profissionais de saúde e garantam o acesso universal e igualitário à saúde para todos os brasileiros.
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