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O inimigo invisível e o desperdício visível: A ascensão da Covid-19 e o colapso da gestão

 Com 8 milhões de vacinas vencidas, o Brasil se depara com o aumento de casos de Covid-19 e a inércia das autoridades, que continuam a correr atrás do prejuízo

Com milhões de doses vencidas, o Brasil enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19, enquanto a gestão pública permanece inerte.

Enquanto o Brasil enfrenta uma nova ascensão nos casos de Covid-19, a última notícia alarmante que ecoa nos corredores da saúde pública nacional é a triste constatação de que 8 milhões de doses de vacinas foram desperdiçadas. Sim, enquanto o vírus volta a ganhar terreno, 8 milhões de unidades que poderiam estar protegendo a população descansam em paz, vencidas e inutilizáveis. Este descaso, que por si só já seria digno de manchetes, torna-se ainda mais chocante quando colocado em um contexto de aumento de casos e, claro, da falta de planejamento que acompanha o setor público há anos.

A pandemia que, para muitos, parecia controlada, tem ressurgido com força. No entanto, a gestão da saúde pública parece ainda presa em um limbo administrativo. Enquanto especialistas da saúde alertam sobre o crescimento no número de infecções e as consequências de uma nova onda, o governo parece ter outras prioridades que não envolvem a proteção da vida de seus cidadãos. Com uma mão de obra qualificada à disposição e um estoque de vacinas que, supostamente, seria suficiente, o Brasil mais uma vez demonstra sua capacidade de se sabotar.

Desperdiçar 8 milhões de vacinas em meio a uma crise de saúde pública é mais do que uma questão de ineficiência; é uma clara demonstração de falta de respeito com os recursos públicos e, mais importante, com a vida da população. O custo não é apenas financeiro — afinal, cada uma dessas doses foi paga pelo contribuinte —, mas também social e humano. Enquanto em várias partes do mundo vacinas ainda são escassas, o Brasil, que já teve a fama de ser uma potência na vacinação, agora vê esses imunizantes irem parar na lixeira.

A justificativa para tal descalabro é previsível: problemas logísticos. A mesma resposta-padrão que, há décadas, escorrega das bocas das autoridades quando confrontadas sobre falhas grotescas. Se não bastasse a falta de campanhas eficientes para estimular a vacinação, há a incapacidade de distribuir o que já foi comprado e está disponível. 

O roteiro não é novo. O aumento de casos de Covid-19 não se dá apenas pela mutação do vírus ou pela inevitável dinâmica das doenças respiratórias, mas também pela incompetência que segue se repetindo em diferentes níveis de governo. O tempo passa, o vírus evolui, mas a gestão pública parece imune à evolução. Perguntar-se de quem é a culpa parece redundante. De certa forma, a responsabilidade é coletiva: desde quem negligencia sua dose de reforço até as autoridades que assistem a vacinas vencerem como quem assiste a um reality show sem tomar parte ativa.

Entre promessas de novas campanhas de vacinação e medidas preventivas que nunca chegam, o que resta à população é mais uma vez colocar a máscara e torcer para que o cenário não retroceda aos piores dias de 2020. O descaso com os milhões de doses que expiraram é apenas mais um sintoma de uma gestão que, até hoje, não aprendeu com a pandemia.

A pergunta que se impõe agora é: qual será o impacto dessa negligência? Além dos números crescentes de casos, existe o medo palpável de que novas variantes surjam e que o sistema de saúde, já fragilizado, possa ser sobrecarregado novamente. No entanto, o que se observa nas esferas de poder é um jogo de empurra-empurra. Faltam campanhas educativas, faltam ações concretas, faltam medidas de conscientização. Não faltam, porém, escândalos e absurdos que, como o desperdício de vacinas, revelam o abismo entre as necessidades da população e a realidade da gestão pública.

Como de costume, a responsabilidade se esvai entre os dedos daqueles que deveriam estar zelando pela saúde pública. O que poderia ter sido evitado se transforma em mais um capítulo vergonhoso da história recente do país. E, enquanto isso, o vírus, esse sim, segue evoluindo.

O custo final dessa ineficiência não é algo que se possa mensurar com precisão, embora a população brasileira, como sempre, pague com juros. O desperdício das vacinas é mais um exemplo do ciclo vicioso que permeia a gestão pública: inação, omissão e uma boa dose de descaso. E assim, enquanto novas ondas de infecções se aproximam, o que resta é a amarga constatação de que, em tempos de pandemia, desperdiçar uma vacina é mais do que jogar uma dose fora — é desperdiçar uma vida.



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