Moradores questionam valores indenizatórios e temem realocação forçada em meio à construção do túnel submerso
Uma obra de engenharia grandiosa: o Túnel Santos-Guarujá, que ligará as duas cidades litorâneas, será o maior túnel imerso da América Latina. |
A construção do Túnel Imerso Santos-Guarujá, projeto ambicioso que visa conectar as duas cidades litorâneas, tem gerado controvérsias entre os moradores do bairro do Macuco, em Santos. O ponto central da discórdia reside nos valores das indenizações por desapropriação, considerados insuficientes para garantir a realocação das famílias em condições equivalentes às atuais.
A Secretaria de Parceria em Investimentos do Estado estima que 59 imóveis serão desapropriados para a viabilização da obra. No entanto, o valor médio do metro quadrado oferecido, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) com base em dados do Sindicato da Construção Civil (SindusCon-SP), está defasado em relação à realidade do mercado imobiliário local. O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-SP) aponta que o metro quadrado em Santos oscila em torno de R$ 9 mil, enquanto a proposta do governo estadual gira em torno de R$ 2.390,00.
Essa discrepância tem gerado apreensão e revolta entre os moradores do Macuco, que temem não conseguir adquirir novas moradias na região com os valores oferecidos. A Associação Comunitária do Macuco (Acom) organizou uma manifestação durante a audiência pública realizada no Teatro Guarany, no Centro de Santos, para protestar contra a situação.
Também foi questionado a disparidade entre o subsídio de R$ 290 milhões/ano previsto para a empreiteira responsável pela obra e os valores destinados às famílias desapropriadas.
Diante da insatisfação generalizada, a diretora da Companhia Paulista de Parcerias, Raquel França, afirmou estar disposta a reavaliar os valores juntamente com a Prefeitura de Santos e os moradores do Macuco. A Secretaria de Estado de Parceria em Investimentos, por sua vez, esclareceu que os valores atuais não são definitivos e que foram calculados considerando o valor do terreno, a benfeitoria afetada, o auxílio a mudanças e o lucro cessante para imóveis comerciais.
A expectativa é que a licitação para a escolha da empreiteira responsável pela obra seja lançada no primeiro semestre de 2025, com início das obras previsto para outubro de 2026 e conclusão em outubro de 2030. O investimento total no projeto está estimado em R$ 6 bilhões, com recursos do Governo Federal e do Governo do Estado.
0 Comentários