População relata aumento da criminalidade e acusa negligência; administração municipal aposta em programa alternativo de segurança
Ruas movimentadas na Pompéia, com câmeras de monitoramento visíveis e moradores transitando em clima de tensão. |
A crescente sensação de insegurança no bairro Pompéia, em Santos, vem gerando manifestações de revolta e preocupação entre os moradores. Nos últimos meses, relatos de assaltos e furtos se tornaram frequentes, evidenciando o temor de uma comunidade que se sente desamparada.
Segundo Artur Silva, um dos residentes mais atuantes na denúncia desses problemas, a ausência de uma base da Polícia Militar ou da Guarda Civil Municipal (GCM) na região contribui para o aumento do sentimento de vulnerabilidade. "Viver na Pompéia hoje é conviver com o medo diário. Sem uma presença efetiva das forças de segurança, nossa comunidade fica à mercê de criminosos", afirmou Artur. Recentemente, ele divulgou imagens de um ataque a uma pedestre por indivíduos em bicicletas, fato que ilustra a escalada de delitos na área.
Momento em que criminosos em bicicletas abordam e assaltam uma pedestre na Pompéia, ilustrando o clima de insegurança enfrentado pelos moradores do bairro. |
Os moradores relatam uma variedade de crimes que atingem tanto pedestres quanto comerciantes e veículos estacionados. Segundo Artur, até mesmo adolescentes voltando da escola e vizinhos em frente às próprias residências têm sido alvos frequentes. O aumento da presença de usuários de drogas, supostamente deslocados de outras áreas, é apontado como um dos fatores que intensificaram os atos criminosos e comportamentos considerados obscenos, como relações sexuais em locais públicos.
Apesar das demandas da comunidade, a Prefeitura de Santos descartou a criação de uma base da GCM no bairro. Em resposta, a administração municipal destacou a implementação do programa Guardião Cidadão, que prevê o treinamento de jovens entre 18 e 20 anos, incluindo reservistas, para atuar em postos avançados da GCM em diversos bairros.
O projeto pretende oferecer serviços de monitoramento, zeladoria urbana e apoio à população em situação de rua, integrando ações com os setores de segurança, saúde e assistência social. "Com esse programa, buscamos fortalecer a segurança de maneira integrada e ampliar nossa atuação em várias frentes", justificou a Prefeitura.
Ainda assim, a medida não agradou os moradores, que veem a iniciativa como insuficiente diante da gravidade do cenário atual.
Alguns condomínios na Pompéia começaram a investir em tecnologias avançadas, como os Postes de Vigilância Inteligente (PVI), que utilizam inteligência artificial para identificar atividades suspeitas. No entanto, Artur Silva enfatiza que, sem parcerias estratégicas com o poder público, esses recursos têm alcance limitado. "A integração desses dados com a polícia poderia fortalecer as operações de segurança e proporcionar respostas mais rápidas a situações de risco", argumentou.
A Prefeitura defendeu as ações da GCM na cidade, destacando a "Operação Cerco Fechado", iniciada em outubro, que visa intensificar a presença policial na orla e prevenir crimes como furtos e roubos. Com o apoio das mais de 2 mil câmeras do Centro de Controle Operacional (CCO), a GCM afirma realizar rondas ostensivas diuturnas em todas as regiões, incluindo a Pompéia.
A administração reforçou ainda que a população pode acionar a GCM pelo telefone 153 e a Polícia Militar pelo 190.
Apesar das iniciativas apresentadas, a comunidade da Pompéia continua a cobrar ações mais concretas e imediatas para combater a criminalidade e devolver aos moradores a sensação de segurança que, segundo eles, foi perdida há tempos.
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