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Ubatuba em crise: Justiça suspende decreto que reverteu cassação de prefeita

 Decisão expõe irregularidades da Câmara e mantém Flávia Pascoal no comando do Executivo

Prefeita Flávia Pascoal permanece no cargo após decisão judicial que suspendeu decreto da Câmara Municipal.

Em um capítulo turbulento da política municipal de Ubatuba, o juiz da 3ª Vara Cível da cidade, Diogo Volpe Gonçalves Soares, determinou a suspensão do decreto legislativo que anulava a cassação da prefeita Flávia Pascoal (PL). A decisão, emitida nesta sexta-feira (29), segue o parecer do Ministério Público e resulta de um pedido judicial feito pelo vereador Adão Pereira. A medida põe em evidência o caos político-administrativo local e aponta para irregularidades na condução de processos legislativos na Câmara Municipal.

A polêmica começou quando, cerca de dez dias atrás, a Câmara aprovou o decreto por 8 votos a 1, revertendo a cassação de Pascoal. A ação, no entanto, foi questionada judicialmente por falhas regimentais e procedimentais apontadas pelo magistrado. Em sua decisão, o juiz destacou que o Regimento Interno da Câmara foi ignorado, uma vez que o decreto não foi incluído na Ordem do Dia com a antecedência mínima de 24 horas antes da sessão, além de não ter recebido ampla publicidade, violando os princípios da transparência e da legalidade.

O juiz Diogo Volpe Gonçalves Soares classificou a tramitação do Decreto Legislativo nº 35/2024 como “atipicamente célere”. Em apenas seis dias, desde sua introdução em 13 de novembro até a votação em 19 de novembro, o decreto foi levado ao plenário sem a devida inclusão na Ordem do Dia, conforme exigem os artigos 91 e 93 do Regimento Interno da Câmara. Além disso, a falta de publicidade adequada e o não cumprimento de prazos regimentais reforçaram a decisão judicial de suspender o decreto.

“A ausência de ampla publicidade dos atos legislativos e o descumprimento dos prazos procedimentais e regimentais não podem ser ignorados. Esses elementos tornam o decreto nulo em sua essência”, destacou o magistrado.

No mesmo processo, o vereador Adão Pereira havia solicitado que o vice-prefeito Márcio Gonçalves Maciel (MDB) assumisse o cargo de prefeito interino. Esse pedido, no entanto, foi negado pelo juiz, que apontou violação ao princípio da hierarquia das decisões judiciais. A prefeita Flávia Pascoal deve permanecer no cargo, enquanto subsistir a suspensão do Decreto Legislativo nº 01/2023, conforme determinado pelo Tribunal de Justiça em uma ação anterior.

A prefeita Flávia Pascoal, que enfrenta intensas disputas políticas no município, declarou recentemente que o processo que resultou em sua cassação tem caráter político. Em entrevista concedida a um veículo de imprensa, Pascoal acusou adversários de agirem em benefício próprio e de estarem envolvidos em irregularidades, como o esquema conhecido como "rachadinha".

“Foi toda uma ação ordenada para poder beneficiar os que queriam cargos. Eles respondem ao processo da rachadinha e isso está sendo investigado. Infelizmente, quem perde é a cidade”, afirmou a prefeita.

O episódio agrava a instabilidade política em Ubatuba, com o Executivo e o Legislativo em rota de colisão. A batalha judicial em torno da liderança municipal expõe falhas estruturais na governança da cidade e ameaça a administração pública. Enquanto isso, a população assiste ao embate, que, segundo a própria prefeita, prejudica o desenvolvimento local e a execução de políticas essenciais.



Tags: #Ubatuba #PolíticaLocal #Justiça #FláviaPascoal #CâmaraMunicipal

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