Operação policial prende integrante suspeito de ataque mortal ao TCP e expõe disputa territorial entre facções
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| Polícia Civil realiza operação em Ubatuba e apreende provas que ligam suspeito ao Comando Vermelho e ao ataque contra o TCP. |
Uma prisão no litoral norte paulista trouxe à tona a estratégia silenciosa do Comando Vermelho (CV) para expandir sua atuação em regiões antes dominadas por outros grupos criminosos. Cássio Tadeu Alves da Silva, de 41 anos, apontado como membro do CV, foi detido em Ubatuba na última quinta-feira (19/12) sob acusação de envolvimento em um ataque à facção rival Terceiro Comando Puro (TCP). O atentado ocorreu no final de novembro em Paraty, litoral fluminense, resultando em duas mortes, incluindo a de um policial.
No dia 30 de novembro, a região do Pontal, em Paraty, foi palco de um tiroteio que aterrorizou os frequentadores de um evento de samba. Quatro criminosos armados invadiram o local e abriram fogo, deixando um rastro de pânico e violência. A ação resultou na morte de um suspeito ligado ao tráfico de drogas e de um policial. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que as pessoas correram para se proteger.
A investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro levou à identificação de Cássio Tadeu Alves da Silva como um dos envolvidos. A prisão ocorreu em Ubatuba, durante uma operação conjunta entre as polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo, com mandados de busca e apreensão expedidos no âmbito do inquérito. No local, as autoridades apreenderam drogas, uma balança de precisão e vários celulares, que agora passarão por análise após pedido de quebra de sigilo telefônico.
A cerca de 600 metros da residência de Cássio, um carro branco, possivelmente utilizado no crime, foi encontrado incendiado, reforçando os indícios contra ele. Segundo o delegado Marcello Russo, responsável pelas investigações, os elementos colhidos devem fortalecer as provas do caso.
A detenção de Cássio também joga luz sobre a dinâmica do tráfico de drogas no litoral norte paulista, onde o Comando Vermelho tem conquistado espaço. Fontes policiais apontam que o avanço da facção carioca ocorre de forma gradual, evitando confrontos diretos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa de São Paulo.
Essa estratégia "sorrateira e paulatina", como define o promotor Alexandre Affonso Castilho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Vale do Paraíba, explora a vulnerabilidade dos traficantes locais e a aparente perda de interesse do PCC no mercado regional de drogas. "O PCC parece priorizar a expansão internacional, deixando espaços para o CV explorar", afirma o promotor.
Além do tráfico, o Comando Vermelho também tem sido associado à grilagem de terras em regiões periféricas de Ubatuba e em áreas afastadas das praias. Esse domínio, segundo especialistas, intensifica a presença do grupo em bairros carentes, ampliando sua influência.
A competição entre facções também se reflete nas rotas de fornecimento de drogas. Antes monopolizado pelo PCC, o mercado regional agora se mostra mais dividido, com o CV ocupando espaços significativos. Essa nova configuração, entretanto, ainda é motivo de preocupação para autoridades, que observam com atenção os desdobramentos.
Embora a prisão de Cássio Tadeu Alves da Silva represente um golpe contra o CV, as investigações indicam que a facção segue firme em seu projeto de expansão. O caso também acende um alerta sobre os desafios enfrentados pelas polícias civis e militares na região, onde a presença do crime organizado está longe de ser contida.
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