Procedimento cirúrgico não foi suficiente para salvar o boliviano de 19 anos, que ingeriu as drogas ao tentar fugir do flagrante
Jovem boliviano morreu após ingerir 52 cápsulas de crack para evitar flagrante policial em Praia Grande. Foto: Reprodução. |
Um desfecho trágico marcou mais um capítulo da guerra contra o tráfico de drogas na Baixada Santista. Um jovem boliviano, de apenas 19 anos, morreu nesta quarta-feira (25) no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, após ingerir 52 cápsulas de crack durante uma abordagem policial no bairro Tupi. O caso, que revela não apenas o desespero do suspeito, mas também a brutalidade do tráfico, levanta questionamentos sobre os riscos extremos que indivíduos enfrentam ao se envolverem nesse universo.
De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), o jovem foi detido no último dia 10, em uma residência localizada no bairro Tupi, em Praia Grande. Durante a ação policial, ao perceber que não conseguiria escapar do flagrante, o suspeito ingeriu, de forma desesperada, 52 cápsulas de crack.
Logo após ser preso, ele foi encaminhado sob escolta ao Hospital Irmã Dulce, onde passou por um procedimento cirúrgico de emergência para a retirada das cápsulas. Apesar dos esforços médicos, o quadro clínico do jovem se complicou nos dias seguintes, resultando em sua morte.
Engolir cápsulas de drogas para burlar abordagens policiais é uma prática perigosa e recorrente em rotas do tráfico internacional. As cápsulas, geralmente envoltas em materiais plásticos, podem se romper no sistema digestivo, liberando grandes quantidades da substância diretamente na corrente sanguínea, o que pode ser fatal.
No caso específico do jovem boliviano, as 52 cápsulas ingeridas representavam não apenas um risco imediato, mas também um desafio cirúrgico complexo. A sobrecarga tóxica resultante pode ter sido determinante para o seu falecimento, mesmo após a retirada do material.
Embora o tráfico de drogas muitas vezes seja associado a grandes organizações criminosas, a ponta mais frágil dessa cadeia é ocupada por jovens em situação de vulnerabilidade social. Muitos deles são recrutados por traficantes com promessas de dinheiro fácil ou por meio de coação, tornando-se peças descartáveis em um sistema que lucra com vidas perdidas.
Esse é mais um retrato cruel dessa realidade. Longe de ser um líder do tráfico, ele era, provavelmente, apenas mais um elo frágil nessa cadeia perversa.
As autoridades seguem investigando o caso para determinar se o jovem fazia parte de uma rede de tráfico internacional. A procedência das drogas, bem como possíveis cúmplices, ainda está sendo apurada. O corpo do jovem será repatriado para a Bolívia após os trâmites legais.
Enquanto isso, o episódio reacende o debate sobre políticas públicas eficazes para combater o tráfico e, ao mesmo tempo, oferecer alternativas reais para jovens que, por falta de oportunidades, acabam servindo como "mulas" para organizações criminosas.
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