Confronto dentro e fora da instituição expõe tensão e termina na delegacia; um dos menores precisou de atendimento após ser atingido por spray de pimenta e bastão
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| Conselho Tutelar da Zona Leste de Santos, palco de confronto entre jovem e adolescentes que terminou na delegacia. Foto: Prefeitura de Santos. |
Em uma ocorrência que beira o insólito, um jovem de 19 anos protagonizou uma invasão nada convencional ao Conselho Tutelar da Zona Leste de Santos, localizado no bairro Gonzaga. Munido de um bastão e um spray de pimenta, o rapaz confrontou dois adolescentes, de 16 e 17 anos, que, segundo o registro policial, não se intimidaram e revidaram a agressão, transformando o ambiente de proteção à infância e juventude em palco de uma batalha campal.
O episódio, que teve seu ápice na tarde da última terça-feira (18), conforme consta no Boletim de Ocorrência (BO), teve um prólogo, no mínimo, peculiar. O jovem relatou às autoridades policiais que, ao transitar pela Rua Goiás, em frente ao Conselho Tutelar, teria sido alvo de provocações por parte dos adolescentes, que lhe teriam jogado água e lançado olhares desafiadores.
Movido por um misto de indignação e, talvez, um senso de justiça juvenil distorcido, o rapaz, que retornava ao local para cumprir um compromisso, decidiu adentrar as instalações do Conselho Tutelar. Seu objetivo, conforme declarado, era questionar os funcionários sobre a suposta afronta. Contudo, a narrativa tomou um rumo inesperado quando os adolescentes, ao ouvirem a indagação, teriam confrontado o jovem, com um deles chegando a acusá-lo de "inventar" a história.
A alegação de ter se sentido "intimidado" serviu de gatilho para a escalada da violência. O jovem, sem hesitar, acionou o spray de pimenta, atingindo o rosto do adolescente mais novo. A reação foi imediata e física: o menor partiu para cima do agressor, desferindo socos que deram início a uma confusão generalizada dentro do Conselho Tutelar, envolvendo os três contendores em um embate mútuo.
O confronto, no entanto, não se restringiu às paredes da instituição. Após deixar a sede do Conselho Tutelar, o jovem foi alcançado pelos adolescentes, que retomaram as agressões em plena via pública. Foi nesse momento, em um ato de desespero ou revide, que o rapaz teria quebrado o bastão na cabeça do adolescente de 16 anos, elevando ainda mais a temperatura do incidente.
Em um movimento estratégico, talvez buscando refúgio ou a responsabilização dos seus agressores, o jovem correu até o 7º Distrito Policial (DP) de Santos, curiosamente situado nas proximidades do Conselho Tutelar. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), por meio de nota oficial, confirmou o registro da ocorrência como lesão corporal, sinalizando a seriedade do embate.
Os adolescentes, acompanhados de seus responsáveis legais, também compareceram à delegacia para apresentar suas versões dos fatos. Ambos relataram as agressões mútuas ocorridas na fatídica terça-feira, sendo orientados pelas autoridades policiais sobre os prazos para oferecer a representação criminal, um procedimento padrão em casos de lesão corporal.
O relato do adolescente de 17 anos à polícia adiciona um elemento de desconforto à cena: segundo ele, todos os presentes no Conselho Tutelar foram atingidos, ainda que indiretamente, pelo spray de pimenta. O adolescente mais novo, vítima do bastão e do spray, precisou ser encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, embora seu estado de saúde não tenha sido divulgado, mantendo uma aura de apreensão sobre as consequências físicas do embate.
A Prefeitura de Santos, também por meio de nota, buscou esclarecer a dinâmica da chegada da polícia ao local. Contrariando a informação inicial de que o jovem teria se dirigido por conta própria à delegacia, a administração municipal afirmou que uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) foi acionada após a detecção de uma "movimentação suspeita" pelas câmeras de videomonitoramento do Centro de Controle Operacional (CCO). Segundo a prefeitura, o jovem foi detido pelos guardas e conduzido à delegacia, adicionando mais um capítulo à confusa narrativa.
A nota da prefeitura também fez questão de ressaltar que a GCM realiza rondas em toda a cidade, incluindo as imediações do Conselho Tutelar, e disponibilizou o telefone 153 para que a população possa acionar a corporação em caso de necessidade. Resta agora aguardar os desdobramentos legais do caso, que expõe uma faceta, no mínimo, inusitada das interações entre jovens e a instituição encarregada de sua proteção. Afinal, quem precisava de proteção de quem nessa história?
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