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UPA Samambaia: infiltrações severas e mofo colocam em risco pacientes e profissionais em Praia Grande

Além da estrutura comprometida por goteiras e bolor, solicitação de Cartão SUS na recepção de emergência levanta debate sobre praticidade

Ambiente interno da UPA Samambaia revela desafios estruturais com infiltrações e mofo, enquanto pacientes buscam atendimento emergencial. Foto: Alberto Presecatan.

As recentes chuvas que atingiram a região trouxeram à tona uma situação preocupante na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia. Relatos e constatações locais indicam que a estrutura física da unidade sofreu severamente com infiltrações, resultando em goteiras espalhadas por diversas áreas e no aparecimento de mofo em paredes e tetos, criando um ambiente potencialmente insalubre para pacientes e funcionários.

Durante visita à unidade em período de precipitação intensa, foi possível observar um cenário de deterioração em pontos críticos. Goteiras pingavam do teto em corredores e áreas próximas a salas de atendimento, como as de medicação. Em uma tentativa de conter o fluxo de água e proteger o espaço, foram vistas lonas plásticas pretas estendidas do teto ao chão. No entanto, o volume de água infiltrada em alguns locais tornava a medida paliativa claramente insuficiente, com a água escorrendo pelas laterais e formando poças no piso.

Particularmente alarmante é a condição do teto em áreas de circulação de pacientes e equipes de saúde. Em pontos próximos às salas de medicação, o forro apresentava extensas manchas escuras, características da proliferação de mofo e fungos, resultado direto da umidade persistente. Profissionais de enfermagem e pacientes transitavam por esses locais, pisando em áreas úmidas, o que inevitavelmente contribui para a dispersão de contaminantes por todo o ambiente hospitalar.

Apesar das condições adversas na infraestrutura, foi relatado que o fluxo de atendimento aos pacientes seguia ocorrendo, ainda que em um ambiente visivelmente comprometido. Paralelamente, um procedimento administrativo observado na recepção adicionou uma camada à experiência dos usuários: a solicitação rotineira do número do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS). Constatou-se, durante a apuração no local, que a equipe de atendimento na recepção pedia esta informação aos pacientes que chegavam para o atendimento. Embora não tenha sido verificado se a ausência do cartão ou do número representava um impeditivo formal para o acesso ao cuidado emergencial, a prática de requisitar tal dado em um ambiente de pronto atendimento – onde pessoas frequentemente chegam em situações de emergência, por vezes sem portar toda a documentação usual – gerou observações sobre a praticidade e a conveniência do processo nesse contexto específico.

A necessidade de fornecer informações que podem não estar à mão em momentos de aflição pode representar uma barreira ou um fator de estresse adicional para quem busca socorro imediato.

Riscos associados à precariedade estrutural

A presença de infiltrações e mofo em um ambiente de saúde como uma UPA acarreta múltiplos riscos, que se somam às potenciais dificuldades burocráticas:

  1. Riscos biológicos: O mofo libera esporos no ar que podem causar ou agravar problemas respiratórios, como asma, rinite e outras alergias, especialmente em pacientes já debilitados ou com comorbidades. Ambientes úmidos também favorecem a proliferação de bactérias e outros microrganismos patogênicos, aumentando o risco de infecções hospitalares.
  2. Risco de contaminação cruzada: A circulação de pessoas pisando em áreas molhadas e potencialmente contaminadas por fungos e bactérias facilita a disseminação desses agentes para outras áreas da unidade, incluindo consultórios, salas de procedimento e emergência.
  3. Riscos Físicos: Pisos molhados aumentam significativamente o risco de quedas e acidentes, tanto para os usuários quanto para os trabalhadores da unidade.
  4. Comprometimento de equipamentos e materiais: A umidade excessiva pode danificar equipamentos médicos eletrônicos sensíveis e comprometer a esterilidade de materiais e insumos.
  5. Deterioração estrutural progressiva: Infiltrações não corrigidas podem levar a danos mais graves e permanentes na estrutura do edifício, comprometendo sua segurança a longo prazo.

Observou-se ainda o esforço de trabalhadores da unidade na tentativa de secar o piso e conter o avanço da água, uma tarefa dificultada pela continuidade das infiltrações de dentro da própria estrutura.

A gestão da UPA Samambaia está sob responsabilidade da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), organização social que também administra outras unidades de saúde na região, como o Hospital Irmã Dulce e o Pronto Socorro Central. A situação atual na UPA, combinando problemas estruturais graves com procedimentos administrativos que podem gerar dificuldades aos usuários em momentos de vulnerabilidade, levanta questionamentos sobre a efetividade dos planos de manutenção predial, a gestão de processos e a capacidade de garantir um ambiente seguro, salubre e acolhedor para o atendimento à população.

A comunidade local e os profissionais de saúde aguardam um posicionamento e, principalmente, ações corretivas urgentes por parte da administração da unidade e dos órgãos de saúde competentes para sanar os problemas estruturais, eliminar os focos de insalubridade, revisar fluxos que possam dificultar o acesso e garantir que a UPA Samambaia possa cumprir sua função essencial com a segurança, eficiência e dignidade que pacientes e trabalhadores merecem.

A fiscalização contínua das condições de infraestrutura e dos processos de atendimento nas unidades de saúde se mostra fundamental para prevenir que situações como esta se repitam ou se agravem.



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