Anúncio de comercialização de assentos e camarotes contrasta com momento delicado do time em todas as competições
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Projeto da Nova Vila Belmiro: uma visão de futuro para o Santos que contrasta com o momento delicado da equipe em campo. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
Em meio a um cenário de resultados preocupantes e desempenho abaixo do esperado em todas as competições da temporada, o Santos Futebol Clube, em conjunto com a construtora WTorre, comunicou o início da pré-venda de cadeiras e camarotes para a futura Nova Vila Belmiro. A iniciativa, prevista para os próximos 120 dias, surge como um passo no longo projeto de 30 anos, mas encontra eco em um ambiente de baixa confiança por parte da torcida, diretamente afetada pela performance aquém do time nos gramados.
Embora a pré-venda seja apresentada como um "fator essencial" para a continuidade e viabilidade financeira do empreendimento, a convocação pela "adesão dos torcedores" neste momento específico se choca com a frustração acumulada nas arquibancadas. Para muitos, a confiança necessária para investir em um futuro estádio, com valores expressivos e compromissos de longo prazo, está intrinsecamente ligada ao desempenho presente da equipe e à percepção de que o foco principal da gestão está na recuperação esportiva imediata. A relevância do tema do estádio foi sublinhada durante uma sessão extraordinária do Conselho Deliberativo do clube na última quinta-feira, onde os detalhes do projeto foram apresentados, enquanto a pauta do futebol clama por soluções urgentes.
A diretoria, liderada por Marcelo Teixeira, revelou ajustes no modelo de negócio. Diferentemente de formatos anteriores, o clube assegurará a integralidade do direito de superfície, preservando a propriedade da futura arena e garantindo 100% das receitas provenientes das atividades diretamente relacionadas ao futebol. A WTorre, por sua vez, assumirá a operação e infraestrutura do complexo, incluindo gestão de locações e eventos não esportivos, com o contrato estipulando que o Santos terá participação majoritária nos lucros da arena, variando entre 55% e 70%, conforme a performance anual do local. Tais detalhes financeiros e estruturais, embora importantes para a sustentabilidade futura, parecem distantes da preocupação imediata do torcedor, que anseia por vitórias e melhor futebol.
Em relação aos direitos de assentos, sócios proprietários de cadeiras e camarotes na atual Vila Belmiro poderão transferir suas garantias para o novo projeto. Já os torcedores que ocupam cadeiras especiais sem serem proprietários terão prioridade na pré-venda, com direito de uso por dez anos via concessão. A garantia de que Santos e WTorre investirão adicionalmente caso a arrecadação da pré-venda seja insuficiente demonstra a aposta no projeto, mas também realça a incerteza sobre a resposta do mercado – e da torcida – em um período de resultados esportivos tão desfavoráveis.
O projeto arquitetônico de Luiz Volpato contempla uma arena multiuso moderna para 30 mil torcedores, com cerca de 700 vagas de estacionamento, orçada em aproximadamente R$ 700 milhões.
A assinatura de uma atualização no Memorando de Entendimento (MOU) em 14 de abril, data emblemática para o clube, marca o avanço de um projeto que atravessa gestões – iniciado com José Carlos Peres, passando por Andrés Rueda e chegando a Marcelo Teixeira. O plano já contava com aprovação prévia do Conselho. Contudo, a fase de construção, estimada em 36 a 40 meses, implica um longo período de ausência da Vila Belmiro. A expectativa de que o time jogue na atual casa apenas até o final da temporada vigente e a projeção de utilizar a Mercado Livre Arena Pacaembu para 2026 adicionam uma camada de instabilidade logística e emocional, forçando a torcida a focar em um futuro distante e incerto, enquanto o presente esportivo exige atenção e soluções imediatas.
A Nova Vila Belmiro é, indubitavelmente, crucial para a longevidade e modernização do Santos. No entanto, o anúncio da pré-venda em um momento de profunda crise técnica e de resultados no campo de jogo acende um debate necessário sobre as prioridades do clube. A confiança do torcedor, base para qualquer projeto bem-sucedido, é construída, acima de tudo, com vitórias e bom desempenho esportivo, um fator que, neste ano, tem sido o maior desafio a ser superado pela atual gestão.
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