Após passar mal e ser internado, jovem de 21 anos admitiu tráfico internacional ao ser confrontado com exame que revelou drogas em seu organismo
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| Raio-X revelou dezenas de cápsulas no intestino de jovem boliviano, que confessou ser "mula" do tráfico internacional ao dar entrada no hospital de Guarujá. Foto: Divulgação/Polícia Civil. |
O que parecia ser apenas mais um atendimento de rotina por mal-estar se transformou em um caso escancarado de tráfico internacional de drogas. Um boliviano de 21 anos deu entrada no Hospital Santo Amaro, na Vila Maia, em Guarujá, no último domingo (20), alegando dores abdominais. Porém, ao ser submetido a um exame de raio-X, os médicos se depararam com uma imagem inquietante: dezenas de cápsulas suspeitas entupindo o intestino do rapaz, como uma carga viva prestes a romper.
Diante da descoberta, a unidade de pronto atendimento (UPA) Rodoviária repassou o caso à Polícia Militar, que imediatamente passou a custodiar o paciente. No entanto, a Polícia Civil só foi notificada oficialmente do episódio na terça-feira (22), evidenciando mais uma vez os buracos burocráticos no caminho da informação entre os setores da segurança e da saúde pública.
Confrontado pelas autoridades, o jovem confessou ter ingerido nada menos que 58 cápsulas, totalizando 875 gramas de entorpecente – provavelmente cocaína, segundo fontes policiais – ainda em solo boliviano, com o objetivo de entregar o material na cidade de Guarujá. Questionado sobre o destinatário da droga, o rapaz apresentou a justificativa típica e nada criativa: teria perdido o celular durante a viagem, junto com o contato de quem o esperava para o repasse da "mercadoria".
A história, embora pouco convincente, não livrou o jovem de ser autuado em flagrante por tráfico internacional de drogas – um dos crimes mais severamente punidos pela legislação brasileira. Contudo, por enquanto, o boliviano permanece internado e sob monitoramento médico, já que ainda restam cápsulas a serem eliminadas do trato intestinal. Somente após alta hospitalar ele poderá ser conduzido para prestar depoimento formal na delegacia.
De acordo com a Polícia Civil, o caso pode ser a ponta de um iceberg. As investigações seguem para identificar o destino final da droga e os nomes por trás da operação. A suspeita é de que Guarujá esteja sendo utilizada como uma das portas de entrada de uma rota internacional de tráfico, capitalizando sua proximidade com o Porto de Santos, o maior da América Latina.
"O tráfico se adapta e busca vias menos fiscalizadas. O uso de correios humanos — as chamadas mulas — é uma prática cada vez mais comum. A Baixada Santista, por sua posição geográfica e logística, infelizmente atrai esse tipo de operação", afirmou, sob anonimato, um policial envolvido na apuração.
Enquanto isso, o hospital segue tomando cuidados extremos para evitar o rompimento acidental de alguma cápsula, o que poderia ser fatal para o rapaz. Um risco calculado, parte da matemática brutal do tráfico, onde vidas humanas são reduzidas à função de transporte.
A Polícia não descarta novas prisões e acredita que a rota boliviana/brasileira possa estar ativa há tempos, utilizando jovens vulneráveis como instrumentos descartáveis de um crime cada vez mais organizado e transnacional.
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