Ausência de sinalização e insegurança viária expõem vulnerabilidade de crianças e adolescentes em bairros periféricos
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Movimentação intensa da perícia e de populares no local onde as duas irmãs perderam a vida, em Itanhaém. Foto: Reprodução/Redes Sociais. |
Uma cena de desespero tomou conta da Avenida Emídio de Souza, no Jardim Oásis, em Itanhaém, na tarde desta sexta-feira (15). Duas irmãs, de apenas 3 e 13 anos, perderam a vida de forma trágica após serem atropeladas por uma carreta quando retornavam da escola. A adolescente havia ido de bicicleta buscar a irmã mais nova, mas o trajeto que deveria representar cuidado e responsabilidade acabou em luto e revolta.
De acordo com testemunhas, o motorista do caminhão não percebeu o impacto no momento do acidente. Foi alertado por populares e permaneceu no local, prestando apoio e aguardando a chegada da perícia. Ainda que não tenha fugido, o caso expõe uma dura realidade: a convivência entre veículos pesados e pedestres em áreas carentes de infraestrutura viária mínima.
A tragédia evidencia falhas antigas e ignoradas. Moradores do bairro afirmam que a via não conta com sinalização adequada, tampouco com dispositivos de segurança que possam proteger pedestres, ciclistas e, sobretudo, crianças que diariamente transitam pela região para acessar escolas. O acidente reacende o debate sobre a negligência do poder público diante da mobilidade urbana.
Após o atropelamento, equipes do SAMU e do Corpo de Bombeiros foram acionadas. A criança de 3 anos foi levada em parada cardiorrespiratória ao Pronto Atendimento Infantil da cidade, mas não resistiu, mesmo após diversas tentativas de reanimação. A adolescente, também em estado crítico, foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde os profissionais de saúde repetiram manobras emergenciais. Apesar do esforço, o desfecho foi o mesmo: morte confirmada.
Em nota, a Prefeitura de Itanhaém lamentou o ocorrido e confirmou o atendimento às vítimas. Entretanto, não apresentou informações sobre medidas imediatas para prevenir novos episódios semelhantes. O silêncio sobre investimentos em infraestrutura viária reforça a sensação de abandono relatada pela comunidade local.
O acidente não é um caso isolado. Em diversos municípios da Baixada Santista, cruzamentos perigosos, falta de faixas de pedestres, ausência de redutores de velocidade e convivência desordenada entre veículos e pedestres têm resultado em estatísticas alarmantes de acidentes fatais. Crianças e adolescentes, pela própria vulnerabilidade, figuram entre as maiores vítimas desse descaso estrutural.
O episódio em Itanhaém não deve ser visto apenas como uma fatalidade inevitável, mas como consequência de uma negligência crônica. Enquanto não houver investimento consistente em sinalização, fiscalização e planejamento urbano voltado à proteção da vida, tragédias como a desta sexta-feira tendem a se repetir, transformando ruas em cenários de luto e famílias em números frios de estatísticas.
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