Abuso de autoridade e violência policial desnudam falta de preparo e respeito institucional
Abuso de poder: Imagem chocante revela violência policial contra comerciante em Guarujá. |
Num flagrante chocante de abuso de poder, agentes do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) protagonizaram um episódio lamentável de violência contra um cidadão trabalhador, Alessandro Coelho de Oliveira, de 38 anos, proprietário de uma peixaria no bairro Cachoeira, em Guarujá.
Na manhã de terça-feira (16), por volta das 9h50, as câmeras de segurança registraram o momento em que os policiais, ao invés de proteger e servir, investiram contra Oliveira, o acusando de crimes sem fundamentos, proferindo injúrias e até mesmo agredindo-o fisicamente.
O relato da vítima é estarrecedor. Enquanto seus funcionários descarregavam mercadorias, ele foi surpreendido pelos PMs, já com armas apontadas em sua direção. Sem apresentar qualquer motivo concreto para a abordagem, os agentes partiram para agressões verbais, chamando-o de "ladrão", "bandido" e "vagabundo". Em um ato repugnante, um dos policiais desferiu um soco em Oliveira. Assista:
É de uma crueldade inominável constatar que, mesmo após reconhecer sua condição de trabalhador e empresário, Oliveira foi alvo de uma narrativa construída pela truculência dos agentes, que o desrespeitaram e o violentaram sem o menor pudor. A coerção injustificada, a ameaça velada de morte e a agressão física não têm lugar em uma sociedade democrática e de direito.
O histórico criminal de Oliveira, mencionado durante a abordagem, não justifica nem minimiza a brutalidade perpetrada pelos policiais. Sua afirmação de ter reconstruído sua vida após uma passagem pelo sistema penal deveria, no mínimo, suscitar respeito e compreensão por parte das autoridades, não violência e desdém.
As imagens obtidas pelas câmeras de segurança e pelo filho de Oliveira, que testemunhou a cena, são evidências irrefutáveis de um abuso de poder que clama por justiça. Vemos um cidadão desarmado, subjugado e violentado por agentes que, em vez de garantir sua segurança, se tornaram agentes do medo e da arbitrariedade.
O silêncio ensurdecedor das autoridades policiais e governamentais seria conivente, se não fosse pela necessidade de manter as aparências diante de um episódio tão repulsivo. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-SP), em nota, anunciou o afastamento dos policiais envolvidos e a abertura de um Inquérito Policial Militar para investigar os fatos.
Entretanto, o afastamento temporário dos agentes não pode ser visto como solução definitiva. É imperativo que haja uma investigação imparcial e rigorosa, e que os responsáveis sejam não apenas punidos, mas que sirvam como exemplo de que abusos de poder não serão tolerados em uma sociedade civilizada.
A conduta criminosa dos agentes do Baep não é um caso isolado, mas sim um sintoma de um problema estrutural que assola as instituições policiais em todo o país. A falta de preparo, a cultura da violência e a impunidade são apenas algumas das chagas que corroem a credibilidade e a eficácia das forças de segurança.
O episódio em Guarujá é um alerta contundente para a urgência de uma reforma profunda no sistema policial brasileiro. É preciso investir em treinamento adequado, em mecanismos eficazes de fiscalização e em uma cultura organizacional que privilegie o respeito aos direitos humanos e às liberdades individuais.
O caso de Alessandro Coelho de Oliveira é mais do que um episódio de violência policial. É uma afronta à dignidade humana, à democracia e ao Estado de Direito. É o retrato sombrio de uma sociedade que ainda luta para superar os resquícios de um passado autoritário e excludente.
Enquanto cidadãos, temos o dever moral e ético de exigir justiça e responsabilização pelos abusos cometidos em nosso nome. Não podemos permitir que a barbárie e a impunidade sejam as marcas indeléveis de nossa sociedade. A justiça deve ser cega, mas nunca pode ser surda aos clamores por igualdade, respeito e dignidade para todos.
0 Comentários